Capítulo 10

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— Eu sei que a fachada é feia. E lá dentro tudinho é escuro. Ah, o levador também não funciona. — Taeshin parecia empenhado em citar todos os defeitos do prédio onde ele, Jungkook e Hyerin estavam parados na frente, a última agarrando fortemente os dedos do pai.

— Mas o quarto do papai é muito legal. — O pequeno Min apressou-se em emendar, notando a expressão tensa da garotinha e do pai. — É iluminado e tem vários coisos que ele não deixa nem eu, nem o tio Jimin mexer.

— Você esqueceu de dizer que fica no primeiro andar, então não precisamos subir muitos lances de escada. — Yoongi completou, apertando o ombro do filho com uma das mãos, e balançando as chaves na outra. Ele carregava uma feição tranquila no rosto conforme conduziu todos em frente, usando o chaveiro primeiramente para abrir a porta principal do prédio e a lanterna do celular para guiar caminho escada à cima.

— Ano passado a gente teve uma festa das abóboras aqui! — Taeshin falava empolgado, sua voz dando eco no corredor. Diante da expressão confusa dos Jeon, Yoongi tratou de explicar:

— Foi uma festa de Halloween. Esse prédio é praticamente um depósito, então não é como se houvesse algum morador. A maioria dos quartos são usados para guardar coisas, equipamentos grandes.

— E o tio Jinnie disse que no contrato não tinha nada que nos impidisse de fazer uma festa no saguão, então a gente foi e fez.

Yoongi bagunçou os cabelos do filho, sentindo-se meio sem jeito pela possibilidade de Jungkook estar julgando-o pelas ações. Não era a coisa mais correta do mundo ensinar o filho a burlar os frágeis acordos de um contrato, mas ele não tinha dinheiro para alugar um salão propriamente dito e todos realmente queriam uma festa de Halloween naquele ano — inclusive ele.

— Foi uma reunião pequena — explicou baixinho, como se isso mudasse o fato de que ele e Seokjin não eram as melhores influências do mundo para criar Taeshin —, só nós e uns amigos.

Jungkook estava em silêncio o tempo todo e não notou que Yoongi estava sem jeito. O atleta estava ocupado demais imaginando a si mesmo na festa descrita por Taeshin e acabou por deixar um sorriso discreto escapar dos lábios. Em seguida, sentiu o rosto corar absurdamente, porque ele mal havia conhecido um pouco do ciclo de amizades de Yoongi e já estava se imaginando no meio deles, enturmando. Felizmente, ele havia colocado uma criatura de seis anos no mundo, e ela era ainda mais expert que o pai no quesito passar vergonha:

— Legaaal. Se vocês fizerem outra festa dessas a gente pode vir também?

Taeshin começou a pular no corredor, animado, e puxou a barra da blusa do pai, aguardando por uma resposta, que não tardou a vir:

— Se o seu pai deixar, por que não?!

Jungkook revirou os olhos discretamente, mas não o suficiente para Yoongi não notar e abrir um sorriso satisfeito.

— Daqui uns dias você vai estar colocar a solução para a paz mundial em minhas mãos, hyung.

O Jeon só obteve uma risadinha como resposta, já que finalmente pararam em frente ao quarto desejado. Yoongi enfiou as chaves na porta e, assim que abriu, as luzes amarelas imediatamente acenderam. O cômodo não era muito grande, mas tinha tamanho suficiente para caber todos os equipamentos necessários para compor e gravar músicas: uma mesa enorme ficava no meio do aposento, com caixas de som, teclado e duas telas de computador largas, uma de costas para outra. Jungkook imaginou que Yoongi deveria sentar de um lado da mesa e Namjoon do outro, provavelmente para cada um ter privacidade para trabalhar. As duas cadeiras que ficavam em lados opostos da mesa eram aconchegantes e o piano que Taeshin tanto falava sobre, ficava encostado na parede, próximo à porta. Mais ao fundo havia um espaço para gravação, separado por paredes e uma porta de vidro que provavelmente abafava o som que vinha do lado de fora.

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