Capítulo 12

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A noite não estava fadada a dar errado, mas começara a dar no momento em que Jungkook colocou os pés dentro de casa.

Ele ajudou Hyerin a retirar seus tênis e a observou sair correndo em direção a sala, certificando-se de que não se acidentaria, enquanto guardava sua mochila e os sapatos no armário do corredor. Tirou os próprios sapatos e os guardou antes de alcançar a Jeon, que estava sentada no sofá com os olhos atentos a televisão e procurando algum programa de seu interesse com o controle.

— Hyerin-ah, pode ir saindo daí. Você tem que tomar banho, sua porquinha. — Jungkook avisou a filha sem olhá-la diretamente. Estava mais ocupado em retirar seus pertences dos bolsos e colocá-los na mesa de jantar. Foi quando desbloqueou o celular que as coisas começaram a dar errado. — Porra.

— Papai! — Hyerin assustou-se do sofá e apontou para o pote decorado com tinta, glitter e lacinhos ao lado da televisão. — Dinheiro no potinho, agora.

Jungkook estava mais preocupado com o fato de que passava das seis e ele tinha que ter dado o remédio da filha às cinco e meia do que o fato de que a própria sempre arrumava motivos para arrancar dinheiro do seu bolso. Com o objetivo de passar mais tempo com a menina, buscou-a mais cedo na escola e a levou para lanchar em um shopping, em nenhum desses momentos passou por sua cabeça que Hyerin precisava de sua medicação diária.

Largou suas coisas na mesa e foi até a cozinha, caçando o vidrinho da medicação da menina na caixa de remédios. O jogador frustrou-se ao reparar que não estava ali e começou a revirar todos os armários da cozinha, batendo as portas com um pouco mais de força a cada vez que não achava o remédio. Frustrado, virou-se para a porta e deparou-se com a filha encarando-o, uma expressão irritadiça que o lembrava mais a mãe da menina do que ele gostaria.

— Você ainda não colocou o dinheiro no meu potinho. — A menina o lembrou com os braços cruzados.

— Agora não, Rin. Você sabe onde o Hobi guardou seu remédio? — perguntou e agachou-se para ficar em uma altura próxima a da filha.

Hyerin deu de ombros.

— Sei não. — Ela respondeu em um tom suspeito que fez Jungkook estreitar os olhos.

Jungkook entregou-lhe um sorriso cínico, levantou-se devagar e caminhou até a sala, atento a menina que o seguia com certo temor. O Jeon pegou seu celular em cima da mesa e disse em um tom desinteressado:

— Então vou ligar para ele e perguntar.

A mais nova arregalou os olhos e prendeu-se a sua perna como um carrapato.

— Não, papaaaaai. Eu não gosto de tomar remédio. Deixa minha boca com um gostinho ruim. — Usou a tática do bico triste e piscou diversas vezes com os olhinhos pequenos como Taehyung ensinara-lhe e que, na maioria das vezes, funcionava.

Jungkook precisou respirar profundamente algumas vezes e passar por sua mente imagens desagradáveis para que conseguisse resistir à manha da menina. Ele a pegou no colo com um braço e observou de perto aquela perigosa expressão de cachorrinho pidão. Se Hyerin não fosse tão obcecada por música, o Jeon tinha certeza que se daria muito bem nos dramas de televisão e tudo isso era indiscutivelmente culpa de Kim Taehyung.

— Você precisa tomar seu remédio, Rin-ah. Não me faça ser cruel e arrancar respostas de você, mocinha — ameaçou começar a fazer cócegas na filha com a mão livre quando seu celular começou a tocar.

O jogador estranhou ver o nome do seu técnico no indicador de chamadas. Colocou Hyerin no chão e essa continuou colada em sua perna, observando o pai, curiosa enquanto ele atendia a ligação repentina. Eles tinham ganhado alguns dias da semana de folga porque o campeonato estava para começar e o técnico não queria esgotá-los, e Jungkook resolvera usar seu tempo raro para passar com a filha e o homem responsável por seu time sabia disso, então não ligaria para importuná-lo a menos que algo de muito sério houvesse acontecido. E foi exatamente isso que se confirmou quando cumprimentou o mais velho e esse se limitou a dizer:

Segundo tempoWhere stories live. Discover now