Capítulo 41

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Na maioria das vezes, entrar na base dos Tigers era próximo a uma terapia para Jungkook. Sempre que o atleta precisava esquecer alguma discussão com a mãe, uma preocupação com Hyerin ou a frustração de algum encontro que não havia dado certo, ele podia contar com o treinador para pegar pesado consigo, para fazê-lo correr pelo gramado e arremessar bolas consecutivamente, levando-lo ao limite do cansaço, exaurindo suas energias o bastante para que qualquer pensamento inoportuno não tivesse forças para se estabelecer em uma mente frágil.

Taehyung brincava que essa obsessão por esportes e exercícios físicos quando Jeongguk estava preocupado era um possível traço de masoquismo, mas o mais velho não dava bola. Ele não se importava em nomear o que aquilo era, só sabia que era confortável sentir os pulmões clamando por ar, o suor escorrendo pela nuca e os músculos tremendo de exaustão porque era como se a mente desconectasse de todos as energias negativas e focasse na única missão de descansar, recuperar o fôlego e equilibrar a temperatura corporal.

Quando entrou e colocou o indicador na digital da catraca na recepção da base do Tigers naquele dia, era exatamente isso que Jeongguk estava procurando: um treino pesado, cansativo, que o fizesse sentir útil e bom em alguma coisa, porque somente assim ele conseguiria afastar aquela sensação horrível de impotência por não conseguir tornar as coisas melhores para Yoongi.

Tinha conversado com o namorado no começo do dia, e pelo telefone conseguiu notar perfeitamente como Yoongi estava desanimado. Havia se passado dez dias desde a morte de Iseul, e a oscilação de humor que o Min passava era completamente normal. No geral, não havia nada que as pessoas ao redor do produtor pudessem fazer, Jungkook sabia, mas isso não o fazia se sentir menos inútil ou impotente. Ele estava tentando se manter próximo, assim como os amigos do casal, oferecendo palavras doces, companhia e apoio. Em alguns dias funcionava, em outros não. Ao escutar a voz quieta e desanimada do produtor às seis e meia da manhã, Jungkook supôs que aquele seria um dia difícil. Não era apenas sono na voz de Yoongi, claro que não; Jungkook agora conhecia-o bem o suficiente para saber que o desânimo e a tristeza estava na respiração mais silenciosa, nos segundos de atraso para responder uma pergunta, como se o Min tivesse se perdido em algum devaneio momentaneamente.

Determinado a não se deixar abater porque Yoongi precisava de si mais do que nunca, Jungkook decidiu a rotina do dia no caminho para deixar Hyerin na escola: gastaria toda a energia acumulada no treino da manhã, participaria das reuniões marcadas com a equipe para da tarde e ao final do dia iria para o apartamento de Yoongi e inventaria qualquer coisa para melhorar o ânimo do namorado: conversaria sobre música, assistiriam um filme, tentariam fazer o jantar para dar um descanso a Seokjin. Qualquer coisa que pudesse ajudar seu hyung a passar por mais um dia, a continuar seguindo em frente.

Mas o universo nunca fora um bom ouvinte para os planos de Jungkook. Assim que atravessou o corredor com fotografias preto e branco do fundador do time e da primeira equipe (Minhyuk havia apelidado o corredor de "o caminho dos Pioneiros") e seguiu a conversa alta dos companheiros de time que levavam ao vestiário principal, as coisas começaram a dar errado. Atravessou a porta aberta tranquilamente, segurando a mochila com o uniforme de treino dentro em uma das mãos e cumprimentando os colegas com acenos e voz baixa. Nada de diferente, não era o tipo de cara que chegava falando alto e rindo estrondosamente, Jungkook era muito discreto. Mas também era observador, por isso não demorou a notar que alguma coisa estranha estava acontecendo: foi cumprimentado de volta, mas Leeteuk, campista central do time, desviou os olhos rápido e trocou um olhar estranho com Minhyuk, que estava mais calado que o normal. O sorriso de Jungkook se fechou e ele desviou o olhar para frente, sentindo o coração acelerar desconfortavelmente. Agora era como se todos os olhares estivessem queimando nas suas costas e, ao final do vestuário, sentando em um banco mais afastado, Yugyeom tinha o celular em mãos e lançava um olhar preocupado para o amigo que havia chegado.

Segundo tempoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang