Capítulo 58

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× Foi aqui que pediram uma atualização fresquinha nesse belo final de terça??? Espero que sim, porque vocês >não< estão preparados para as emoções desse capítulo, sério. Leiam por sua conta e risco rs.


Kim Seokjin odiava admitir, mas estava se sentindo sozinho em seu novo apartamento.

Seu não. Seu e de Kim Namjoon, o atrapalhado homem de mais de um metro e oitenta, o qual esquecia com uma frequência adorável que seu corpo era grande demais para certas atividades, como consertar o cano solto da pia da cozinha, o que o fez gritar por Seokjin para libertá-lo do espaço apertado onde tinha se enfiado — o mais velho realmente não sabia como o produtor ainda não tinha sofrido um acidente grave morando sozinho por todos aqueles anos —, que chamava de namorado há mais tempo do que conseguia se lembrar.

O apartamento de cinco cômodos, contando com a sacada, paredes de cores branca e creme, sala separada da cozinha por uma parede com uma abertura do tamanho de uma janela — feita para abrigar o balcão de mármore escuro, no qual as refeições aconteciam —, banheiro consideravelmente mais espaçoso do que o da sua última moradia e vizinhos tão silenciosos que Seokjin esquecia constantemente que existiam nunca foi realmente apenas o apartamento de Namjoon. Desde que o músico tinha se mudado para o local, alguns meses após reatar seu namoro com Seokjin, anos atrás, havia um pouco do Kim mais velho em cada cômodo, cada parede, cada detalhe.

Estava na estante da televisão que Seokjin tinha escolhido e comprado, quando estava ajudando o namorado a mobiliar o apartamento, nos DVDs dos filmes favoritos do cozinheiro, organizados por gênero nos nichos da estante, nas roupas que Seokjin esquecia no guarda-roupa quando passava dias com o Namjoon, no leite de banana que nunca faltava na geladeira e só ele bebia, uma vez que o Kim mais novo não gostava da bebida — e que, além disso, tinha sido motivo de guerras frias em seu antigo apartamento, porque Jungkook e ele estavam sempre disputando pelas últimas caixinhas da geladeira.

Seokjin também estava na mancha de café feita por ele no braço do sofá, nas cores dos tapetes que ele tinha escolhido, nas fotos emolduradas por quadros de moldura preta na parede do corredor e nos produtos de beleza que usava, guardados no armário do banheiro.

Aquele era o lar deles. Kim Namjoon e Kim Seokjin, namorados desde a faculdade, amores da vida um do outro. Lar esse que, por todos aqueles anos, esperou pacientemente, sem nunca cobrar coisa alguma, Seokjin virar a página do seu outro eu — Kim Seokjin, melhor amigo de Min Yoongi e segundo responsável pela criação de Min Taeshin — para que fosse recebido por aquele lugar que era tão seu quanto sua antiga casa.

Quando o relacionamento de Yoongi e Jungkook começou a ficar mais sério, a firmar raízes mais profundas e fortes, Seokjin sabia que o seu momento de virar aquela página chegaria. Ele não estava sendo expulso da vida de Yoongi, claro. Não estava sendo deixado para trás, sendo dispensado agora que o músico tinha encontrado a pessoa com quem gostaria de dividir o resto da sua existência. Os dois apenas estariam seguindo caminhos diferentes. Aquela trilha que tinham feito juntos por tanto tempo, tropeçando, caindo e levantando um ao lado do outro, tinha encontrado uma bifurcação e Seokjin e Yoongi não podiam mais dobrar na mesma esquina. Eles não queriam. E estava tudo bem, porque a vida era assim mesmo. Pessoas vêm e vão, histórias começam e terminam, caminhos convergem e divergem. Portas fechadas nunca são o fim da linha, mas unicamente o ponto de partida de outra corrida.

Seokjin sabia disso. Estava feliz por Yoongi, assim como estava feliz por si mesmo. Seu desejo de iniciar uma nova história com Namjoon, trilhar um novo caminho com o namorado, não era mais um segredo guardado carinhosamente em seu peito, posto cuidadosamente abaixo da responsabilidade e dever que tinha com a família Min, com a sua família. Era real, estava acontecendo, era uma sequência de fatos concretos se desenrolando há mais de um mês, desde o dia que Yoongi e ele devolveram as chaves do seu antigo apartamento para o dono do prédio. No entanto, ainda era um tantinho difícil de se acostumar.

Segundo tempoWhere stories live. Discover now