Capítulo 1

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Min Yoongi estava animado.

Era estranho para o produtor musical usar o adjetivo, principalmente após a semana lotada e estressante que tivera ─ um prazo de entrega e um chefe absurdamente exigente podiam tirar qualquer um de seu limite de paciência ─, mas, naquele sábado ensolarado, o Min estava animado.

Sentia-se um pouco infantil pelo sentimento que fazia seu coração bater um pouco rápido demais no peito e um sorriso involuntário surgir em seu rosto. Fazia um tempo que Yoongi não tinha a oportunidade de se reunir com seus amigos do colegial para uma partida de basquete, mais pelo fato de que a vida adulta tinha tomado muito de todos eles do que por falta de oportunidades. Depois de muitos encontros furados, desmarcações em cima da hora e problemas de vidas reais que não podiam ser ignorados pelo desejo de retornar ao passado, Yoongi finalmente tinha a oportunidade de esquecer um pouco as dores de cabeça do seu dia a dia e não ser nada mais que o adolescente com uma bola de basquete em mãos e a única preocupação de marcar uma cesta antes do horário determinado por seus pais para retornar para casa; regra que, com frequência, o Min burlava.

Estava à frente do espelho do banheiro, terminando de ajeitar os fios negros do cabelo, quando a porta abriu de supetão, assustando-o. Yoongi não teve tempo de acalmar as batidas agitadas de seu coração porque uma vozinha pequena tomou o espaço cheio de animação:

─ Papai, você 'tá pronto? A gente tem que iiir. ─ O garotinho parado na porta fez questão de prolongar o "i" do verbo, dando ênfase na urgência da frase.

Yoongi estava tão ansioso para a partida de basquete com seus amigos que, por um momento, não notou uma pequena contrariedade em sua situação atual: enquanto Min Yoongi vestia uma bermuda preta larga, o moletom do time de basquete da faculdade, tênis All Star e tinha o cabelo negro livre dos bonés e gorros que costumava usar, Min Taeshin, a pequena criaturinha de cinco anos que costumava chamar de filho ou, mais comumente, monstrinho, usava uma calça escura, a enorme camisa dos Giants ─ presente de Jimin em seu último aniversário ─ e tinha em mãos o pequeno taco de beisebol de brinquedo ─ este, por sua vez, um presente de Seokjin. Apenas quando saiu do banheiro, em direção ao corredor, que notou o pequeno problema e parou no meio de um passo, encarando o filho com as sobrancelhas arqueadas.

─ Taetae, por que você está vestido assim? ─ perguntou com cuidado, abaixando-se para ficar na altura do filho.

Taeshin tombou a cabeça levemente para o lado, exatamente como Yoongi costumava fazer quando confuso ou concentrado, e respondeu:

─ O tio Jinnie que escolheu minha roupa. Por quê? O papai não gostou? ─ A última frase veio com um bico manhoso.

Yoongi sorriu pequeno para o filho, apanhando-o no colo e se levantando com cuidado para não ser atingido pelo maldito taco de beisebol que, frequentemente, usava como arma contra seu companheiro de apartamento, Kim Seokjin. Isso, claro, quando Taeshin não estava por perto porque violência não era uma coisa que o Min mais velho pretendia ensinar ao filho, mesmo que, na maioria das vezes, Seokjin merecesse tapas.

─ Você está lindo. ─ O de cabelos negros continuou sorrindo para a criança, que o retribuiu com os dentinhos pequenos amostra. ─ Só estranhei porque estamos indo para um jogo de basquete e não de b-

Repentinamente, os olhos claros e redondinhos de Taeshin, sua marca mais registrada e chamativa, encheram-se de lágrimas e Yoongi estava atordoado demais com a reação inesperada para saber como reagir a ela apropriadamente.

─ Mas você prometeu, papai! ─ O menino protestou com a voz chorosa. As lágrimas, agora, escorrendo pelas bochechas gordinhas.

Yoongi não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo.

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