Capítulo 45

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Recomendamos ler o capítulo com a música acima: "In silence", Janett Suhh. 

Boa leitura!

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Aquela semana estava demorando demais para acabar.

Yoongi sabia que, essencialmente, todos os dias tinham a mesma quantidade de horas, minutos e segundos. Ele sabia que a história de alguns dias passarem mais rápido que outros era uma mera impressão, geralmente interligada a quantidade de atividades que você tinha para executar e com a sua vontade que os dias passassem logo ou durassem mais.

Mas o tempo era um sujeito que gostava de contrariar, Yoongi acreditava. Porque mesmo que sua semana estivesse insuportavelmente lotada, ela estava se arrastando, não parecia terminar nunca, simplesmente porque Yoongi queria, precisava que terminasse logo.

Ele precisava de uma pausa para respirar, se convencer de que tudo ficaria bem e, quem sabe, recompor suas forças escassas para enfrentar todos os problemas que ainda estavam sem solução.

Mas ao invés de ser presenteado com uma pausa, com o final de semana chegando rápido e tranquilo, o que Yoongi ganhou fora um resfriado.

Os primeiros sintomas apareceram dois dias atrás, na última vez que Yoongi vira Jungkook. A sensação de cansaço extremo após um dia normal de trabalho e a coceira na garganta foi um aviso claro de que algo estava errado, mas Yoongi ignorou, porque tinha outros problemas mais urgentes para resolver. No fim, sua negligência não adiantou em nada, porque agora, sem o namorado e sem Hyerin por perto, seus problemas apenas duplicaram, assim como os sintomas do resfriado: Yoongi passou o dia inteiro se arrastando pelo estúdio da gravadora em passos lentos e trêmulos, fungando e espirrando em intervalos curtos, contaminando o ambiente à vontade porque aquele era o dia de folga de Namjoon, então ele tinha ao menos o conforto de poder passar mal e ser nojento enquanto trabalhava isolado.

Foi um dia infernal, improdutivo, chato, cansativo. O áudio animado de Namjoon no final da tarde dizendo que eles precisavam conversar porque tinha uma notícia boa tampouco ajudou a melhor seu humor, mas Yoongi fingiu que sim, porque quem sabe se ele mantivesse os pensamentos positivos, as coisas eventualmente não viriam a melhorar?

Tinha que melhorar. Sua mãe costumava dizer que obstáculos e tempos difíceis existiam porque se existisse apenas a felicidade, esse não seria o verdadeiro nome dela. Ela dizia que se nunca acontecesse nada de ruim, não saberíamos distinguir as coisas boas e viveríamos em uma inércia horrível. Obstáculos não existem para dificultar nossa vida, para nos desmotivar ou nos fazer sofrer, Yoongi, era o que Iseul sempre dizia. Eles existem para que possamos evoluir e aprender a reconhecer e valorizar os momentos de felicidade e as coisas boas.

Era um discurso que geralmente ajudava o produtor a respirar fundo, ter calma e tentar outra vez. Mas com a mãe falecida e um buraco enorme no peito, ficava difícil encontrar consolo no sopro de voz morto da mãe, sopro esse que ficava cada vez mais curto e distante dos ouvidos de Yoongi.

Chegou em casa um pouquinho antes das seis, deixando os sapatos desarrumados na porta de entrada, livrando-se da carteira e chaves em algum canto entre o corredor e a sala e, por fim, caiu no sofá como um boneco de pano mole e frágil. Escutou as vozes de Namjoon e Seokjin em algum lugar na cozinha, os tons animados e risadas leves, mas não teve ânimo de gritar que estava em casa. A garganta estava tão seca, ele estava tão cansado, que a única coisa que conseguiu fazer foi ficar encolhidinho naquele pedaço do sofá. Depois, teve a leve impressão de cochilar por um tempo, porque sua próxima memória após desabar no sofá era Namjoon sacudindo seu ombro e reclamando sobre ele não avisar que estava em casa.

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