Capítulo 27

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Park Jimin percebeu que aquela era uma ótima hora para desistir de vez do curso de Direito quando, em uma hora de passeio com Min Taeshin, não conseguiu convencê-lo a compartilhar o copo da Frozen consigo.

Taaaaae — resmungou o mais velho, sacudindo a mãozinha da criança entrelaçada na sua própria. O garotinho praticamente arrastava-o pelo shopping, marchando em passos decididos pelo local, todo empacotado em roupas de frio devido o tempo fechado de Seul. Ele usava uma camiseta de mangas compridas amarela e, por cima, uma blusa de moletom vermelha. Os pés estavam calçados com botas adoráveis do Pororo.

Taeshin ainda era pequeno demais para ter uma opinião própria sobre as roupas que vestia (a única coisa que realmente gostava de opinar era nos presentes que ganharia em datas festivas), então sempre se contentava com o que quer que o pai ou o tio lhe vestisse. Contudo, sempre que algum deles lhe pedia opinião, Taeshin encarava as gavetas do guarda-roupa com os olhos claros concentrados e acabava apontando para alguma roupa colorida. Jimin achava aquilo uma graça e sempre fazia questão de implicar Yoongi, dizendo que ao menos um dos Min estava a salvo do guarda-roupa monocromático sem graça.

— Você disse que ia conseguir um para mim! — continuou a reclamar, referindo-se ao copo da Frozen. Embora gostasse de levar a criança para passear (mesmo que não fosse admitir aquilo em voz alta nem sob tortura), aquele passeio em específico teve um propósito: o magnífico evento de divulgação do Frozen II que aconteceria no shopping em Gangnam. Havia pessoas contratadas e vestidas de praticamente todos os personagens do primeiro filme (e é claro que Taeshin e Jimin bateram inúmeras fotos com eles), um castelo gigantesco montado e até mesmo versões infláveis do Olaf andando pelo local, o que na verdade era meio assustador.

E, como todo evento legal, era voltado para o público infantil. O que Jimin achou um ultraje, pois tinha certeza que era muito mais fã do filme da Elsa do que qualquer um daqueles pirralhos catarrentos correndo pelo local! Ora, sabia as melhores frases de cor, as músicas em coreano e em inglês, além de claro, os nomes de todos os personagens.

Enquanto isso, Taeshin chamava a protagonista de "a princesa de gelo" e o Olaf de "o boneco narigudo".

Sinceramente? O mundo era tão injusto consigo.

— Eles só 'tavam entregando um, tio Jimin. E eu não pudia pegar outro escondido, porque o tio  Jin disse que quando a gente pega algo que não é nosso escondido, nossa mão cai — explicou com paciência, os olhinhos claros tão arregalados que os cílios inferiores tocavam na bochecha. Havia um tom temeroso na voz do mini Min, e Jimin nunca se sentiu tão irritado com Seokjin como naquele momento.

— E o que é que uma mão vai te fazer falta? — resmungou baixinho, inconformado com seu plano ter dado errado. Havia gastado gasolina, tempo e dinheiro para ir ali, crente que conseguiria um maldito copo para si e foi retribuído com nada!

Jimin tinha um pequeno vício em colecionar copos e canecas. Gostava de pensar que era seu primeiro investimento na casa própria (que ele ainda não tinha), e no seu quarto, na casa da sua mãe, havia canecas em todos os lugares: servindo de porta-lápis, porta-clipes, enfeitando as prateleiras ou no guarda-roupa. Tinha até uma muito antiga e desbotada sendo usada como apoio para uma vela esquecida ao pé da mesa de cabeceira, de algumas semanas atrás, quando a energia acabou subitamente.

E é claro que era indispensável obter um lindo e exclusivo copo de Frozen II. Contudo, o destino não parecia partilhar da mesma opinião, já que estava de mãos vazias e Taeshin parecia irredutível na sua mesquinharia de manter o próprio copo apenas para si.

Como previsto para uma tarde de sábado, o shopping estava lotado. Havia várias crianças também carregando copos iguais o de Taeshin e outras usando a coroa estampada do filme que estava na cabeça de Jimin. Porque embora o pequeno Min não tenha cedido ao copo, emprestou a coroa para que o tio Jimin ficasse mais feliz.

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