Capítulo IV

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— Rosa — chamou Carol, sem sucesso. — Rosamaria! — tentou de novo, dessa vez balançando, sem cerimônias, a catarinense.

A loira abriu os olhos e procurou pela voz que lhe chamava.

— Pelo amor de Deus, Ana Carolina — disse, brava — Espero que alguém esteja morrendo pra tu me acordar assim.

Carolana encarou a amiga, incrédula. Rosamaria revirou os olhos.

— Tá', não quero que ninguém morra de verdade — corrigiu-se, levantando da cama — O que houve?

— A doutora Jaque quer falar com você, mulher. — Carol respondeu — Ela disse que te procurou no hospital todo, mandou chamar e tudo, mas não te achou. Se não me engano, tem alguma coisa a ver com um paciente, mas ela não quis me dizer. Acho bom tu correr.

— Esse último plantão no trauma acabou comigo. Ainda bem que agora é com você, não aguentava mais. — desabafou, enquanto prendia o cabelo em um 'rabo de cavalo'.

— Mas você saiu do trauma têm dois dias já, doida.

— Sim, mas eu quase não dormi desde que acabou. Meu corpo pede por cinco dias dormindo direto depois daquela maratona infernal!

Carolana riu. — Trauma é pra gente forte, garota. Sai fora!

— Eu te aguento todos os dias, Carolana. Se isso não é ser forte, eu não sei o que é. — brincou. A loira recebeu da outra uma cara indignada e um tapa na bunda.

— Me respeita, menina! — Rosa riu

— Jaque tá' aonde? — perguntou.

— Eu falei com ela na sala dos atendentes, não sei se ainda tá' lá. — respondeu Carol. Rosamaria agradeceu e saiu do quarto de plantão.

Depois dez dias na frente da emergência, Rosamaria mal descansou antes que Jaqueline Carvalho, chefe do departamento de cirurgia cardiotorácica, precisasse de seus serviços. E ter uma noite agitada como a anterior havia sido, depois de vinte e quatro horas intensas no trauma, contribuiu para que a loira dormisse profundamente no primeiro quarto que achou. Ela nem mesmo ouviu o celular apitar quando as enfermeiras a chamaram. Por esse motivo, ficou agradecida por Carol tê-la acordado, mesmo que tenha ficado inicialmente brava. Detesta não acordar sozinha.

No caminho para a sala dos atendentes, em busca de Jaqueline, comprou o café expresso de que precisava para acordar por completo e sentiu seu corpo despertar com o primeiro gole. Chegando lá, bateu à porta e logo a abriu.

— Doutora Jaqueline? — chamou, olhando dentro do cômodo.

Quatro cabeças se viraram ao som da voz de Rosa. Eram elas: Sheilla, Thaisa, Camila Brait e Macris Carneiro. Rosamaria viu-se confusa com a presença das duas últimas — Brait era enfermeira e Macris era uma total desconhecida, embora estivesse usando um jaleco. Era a primeira vez que a residente se encontrava com a nutricionista.

— Ela acabou de sair daqui — disse Macris —, mas deixou isso aqui pra você — esticou um tablet com um prontuário aberto. Continha informações de um novo paciente.

— Muito obrigada. E alguém sabe me dizer onde ela tá? — Rosa perguntou.

— Vem, eu te levo lá. — Brait se ofereceu — É caminho e eu já acabei minha missão aqui — concluiu, fazendo as outras rirem. Rosamaria a olhou, a confusão estampada em seu rosto.

Camila deu de ombros. — Nenhuma delas tem paciente na pediatria e eu precisava fazer uma fofoca urgente, ué.

A mais alta sorriu. Adorava a espontaneidade de Camila, que foi a primeira enfermeira que a ajudou a entender como funcionavam as coisas.

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