Capítulo XXXVII

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"Você é uma otária que só vem me ver de dois em dois anos quando o mundo tá acabando e tu não sabe mais o que fazer, mas é a melhor otária do mundo. Sinto muito não poder estar aí contigo esse ano, mas tu sabe que eu tô mesmo não estando. Te amo e feliz aniversário, otária".

"FELIZ ANIVERSÁRIO CARALHO vc é uma das chatas mais legais que eu conheço. Continue sendo foda mesmo longe de mim (é difícil, eu sei disso amiga, força!). PARABÉNS, UHUUL!"

As mensagens de Naiane e Carolana, respectivamente, além do áudio de um minuto e meio de Gabriela cantando - ou gritando - parabéns para você arrancaram gargalhadas sinceras de Rosamaria antes mesmo que ela levantasse da cama.

Não era usual que ela checasse suas redes sociais antes de ir ao banheiro e fazer sua higiene matinal, mas seu celular começou a vibrar sem parar com as notificações que chegavam de repente que ela precisou conferir se aquilo tudo era só por causa de seu aniversário, ou se alguém conhecido tinha morrido. Como era de se esperar, eram só suas amigas desejando todo o tipo de felicidades. E, como também já era de se esperar, todas foram tão carinhosas quanto poderiam ser. Em menos de meia hora acordada, ela já havia sido chamada de otária, chata e de torcedora do Flamengo. O último adjetivo fora usado como um xingamento por Gabi (apesar de flamenguista, você é uma querida, amiga). Ela respondeu todas as mensagens com o mesmo nível de ternura e, enfim, se levantou.

Puxando uma grande lufada de ar pelo nariz, ela foi em direção ao banheiro para se preparar para o que ela desconfiava que seria um longo dia. Na semana que antecedeu o dia nove de abril, ela tentou ao máximo arrumar pretextos para encher o dia de trabalho e coisas relacionadas a medicina só para não ter tempo de lembrar que era o dia de seu aniversário. Estava acostumada com seus amigos e família juntos com ela nesse dia, e pensar que naquele ano não seria assim por uma escolha dela era muito, muito difícil. Bom, a coisa de preencher todas as lacunas do dia acabou não dando certo e ela teria uma jornada de trabalho regular, cumprindo somente as horas estabelecidas em seu contrato. Infelizmente, pensou.

Depois que saiu do chuveiro, passou a mão pelo espelho do banheiro para tirar a água que condensou por ali devido à alta temperatura de seu banho e deu início ao seu skincare matinal. Agora ela tinha um pouco mais de tempo para essas coisas, então ela podia se dar o luxo de ir além do protetor solar. Terminados os cuidados no banheiro, voltou ao quarto para vestir uma roupa. Jeans, blusa básica com qualquer coisa que lembrasse um arco-íris e o par de tênis que a acompanhavam no trabalho foram os eleitos do dia. Nada que ela não usasse em todos os outros.

Foi até cozinha colocar seu café para passar e caminhou de volta ao seu armário para arrumar os cabelos. Seu celular começou a vibrar novamente quando ela passava a escova de pentear nas mechas loiras. Ela alcançou o aparelho e sorriu frente ao nome que birilhava na tela. Apoiou o celular no espelho do seu guarda-roupas, de modo que a câmera ficasse voltada para ela e atendeu a ligação de Carol.

Oie. Como vai a minha aniversariante preferida?

Rosa riu.

— Eu vou muito bem, obrigada — respondeu. — Na verdade meio surda depois de ouvir o áudio da Gabriela, sabe. A energia que essa menina tem de manhã é impressionante.

Foi a vez de Gattaz soltar uma risada. — Ainda bem que eu desisti da ideia de te mandar um carro de som meia noite, então.

Rosa revirou os olhos, desconfiando de que aquilo não era uma brincadeira e que ela realmente tinha cogitado mandar um carro de som para a janela de sua sala. Conhecendo a médica, isso era uma coisa completamente possível. Com essa reflexão em mente, Rosa constatou que a video chamada realizada à meia noite em ponto estava de bom tamanho.

The brain's heartWhere stories live. Discover now