Capítulo XXXV

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— Me fala sério, agora: como você consegue?

— Como eu consigo o que?

— Tomar café nesse calor de sessenta e dois graus.

Rosamaria riu, fazendo o peito de Carol esquentar por completo ao ver os olhos verdes ficarem pequenininhos por causa do sorriso largo. — Do mesmo jeito que tu toma Coca-Cola todos os dias de manhã.

— Minha Coca pelo menos é gelada.

A catarinense estalou a língua.

— Ainda assim, é um soco no teu estômago.

Carol revirou os olhos e resmungou como uma criança, enquanto Rosamaria ficava na ponta dos pés para deixar um beijo em sua bochecha. A mais baixa já ia se afastando quando Gattaz passou os braços por sua cintura, prendendo-a em um abraço.

Rosa riu baixinho quando sentiu suas costas contra o peitoral de Carol e repousou suas mãos sobre as dela. Gattaz afastou algumas mechas de cabelo loiro que cobriam a curva do pescoço da namorada e deixou um beijo por ali, se divertindo quando percebeu que causou arrepios.

— O que a gente vai fazer hoje, hein?

A catarinense não respondeu de imediato.

— Hoje ou agora?

Caroline beijou o pescoço desnudo de Rosamaria mais uma vez.

— Hoje — reforçou, seguindo com outro beijo mais próximo à orelha da mais baixa. — Agora, eu sei o que a gente vai fazer.

***

Gattaz fechou os olhos e se concentrou em regular sua respiração ainda ofegante. Rosamaria, que estava deitada de lado e apoiando sua cabeça com o braço direito, admirou a cena e não pôde deixar de comentar.

— Já vai, senhora?

Carol abriu apenas um de seus olhos e olhou para a namorada, fazendo uma careta.

— Cê tem opiniões bem diferentes sobre a minha idade quando a gente começa e quando a gente termina, né, meu bem?

Rosamaria riu.

— Lógico — admitiu. — A gente nunca reclama do cavalo no meio da corrida. Depois é que a gente vê que dava pra ter ido mais rápido.

Carol abriu os dois olhos, dessa vez, e franziu as sobrancelhas. Sua boca se abriu em um "o", enquanto a réplica à piada ficou presa em sua garganta com tamanha a surpresa.

— Você realmente me chamou de cavala e disse eu fodo errado na mesma frase, Rosamaria? — disse, levantando o tronco e ficando sentada na cama.

Os lençóis só cobriam a parte de baixo de seu corpo, de modo que todo o resto fosse perfeitamente visível aos olhos de Rosamaria, que não puderam evitar de passear pelas costas desnudas de Carol.

— Não foi bem assim, perai — Rosa respondeu. — A parte do cavalo foi mais uma metáfora, o resto tu pode refletir no banho.

Gattaz alcançou um dos travesseiros que estavam jogados pela cama e atirou-o em Rosamaria, arrancando uma gargalhada.

— Vou fazer uma greve, cê vai ver só — disse, fingindo um drama.

— Aí, Carol — Rosa começou, puxando a mais velha pelo braço a fim de que ela deitasse novamente. — Todo mundo sabe que é mais fácil Jesus voltar na Terra do que tu fazer uma greve de sexo.

Carol bufou e, em seguida, olhou para Rosamaria com os olhos semicerrados e um canto de sua boca retorcido – sabia que a greve não tinha a menor possibilidade de acontecer. A catarinense apoiou-se sobre o peitoral de Gattaz, de maneira que seu braço esquerdo ficasse sobre sua cintura e o direito ao lado de sua cabeça. Seus cabelos caíram com a gravidade e formaram uma cortina, deixando Carol sem muita opção a não ser a de  fechar os olhos para não ter de admitir a verdade em voz alta. Na verdade, estava determinada a ficar ali, de olhos fechados e braços cruzados, e esperar que Rosa saísse. Ao contrário, ela colocou sua perna esquerda entre as de Caroline, deixando apenas uma camada de roupa de cama entre seus corpos.

The brain's heartWhere stories live. Discover now