Capítulo VII

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— Já tem os resultados? — Carol perguntou. Rosamaria assentiu.

— Aqui — esticou os envelopes com as imagens — Não são convulsões — disse, convicta.

Carol levantou as imagens, de modo que elas ficassem contra a luz e as examinou. — E como cê' sabe disso?

— Na tomografia não tem nada — apontou com o indicador direito — Os tremores aconteceram enquanto ela estava lá dentro e, mesmo assim, nenhuma alteração.

— Ela sente dor? — Rosa afirmou com um aceno de cabeça.

— Sim, ela chorou bastante — Carol devolveu as imagens da TC para a residente e abriu as outras.

— E aí? — indagou — O que ela tem?

Rosa começou a falar enquanto Gattaz olhava as imagens da ressonância magnética. Não se tratavam de convulsões, mas de um defeito nos nervos dos membros inferiores de Isabela.

— Dá pra ver aqui, ó — a mais baixa apontou, novamente — E por isso ela sente dor quando acontece — terminou a explicação.

— Entendi — Carol disse. Rosa esperou alguns segundos, quase impaciente, pela conclusão da outra. A médica guardou as imagens e as devolveu para a residente — Vamos?

Rosa franziu a testa, confusa. — Pra onde?

— Falar com o pai dela.

— Falar o quê?

— Que a filha dele precisa de uma cirurgia nas pernas, ué — Rosamaria esboçou um sorriso.

— Então eu tô' certa? — perguntou.

— Sim — Carol respondeu, já começando a andar. O sorriso de Rosa aumentou e Gattaz não perdeu a oportunidade — Eu tô' te vendo feliz por ter acertado um diagnóstico neurológico, é?

Rosa revirou os olhos. — Tu tá' me vendo feliz por estar certa. Sua especialidade não tem nada a ver com isso. — Carol riu.

— Sim, vamos ver até quando você vai se enganar.

— Me enganar?

— É — afirmou — Você se acha muita coisa pra neurologia, mas na verdade só não evoluiu o suficiente pra gostar dela — completou, com um sorriso no rosto. Rosamaria riu sarcástica.

— Depois eu que sou a arrogante — Carol apenas a olhou, sem dizer nada.

O resto do caminho até a sala de espera foi feito rápido e em silêncio. Chegando lá, Carol olhou o prontuário e, vendo que constava o nome da mãe, mas não havia sinal dela, resolveu perguntar.

— O senhor é Bruno, né? — conferiu o nome do pai. Ele assentiu. — Devemos esperar sua esposa?

— Não precisa — respondeu — Sou um pai solteiro — completou, olhando para Rosamaria e sorrindo de canto. Carol disfarçou uma risada.

— Ótimo. Então vamos sentar e eu explico como vão funcionar as coisas.

A conversa dos três se seguiu por algum tempo. Bruno ficou aliviado por não ser nenhum tipo de dano cerebral e a cirurgia ser menos perigosa do que ele pensava. Isabela acordou e ficou feliz ao ver que Rosa estava ali.

— Então, enquanto você passa na recepção pra resolver a internação dela, a Rosamaria vai marcar a cirurgia pra hoje mesmo — disse Carol, sorrindo para a criança — Não quero que essa princesa sofra mais do que já sofreu.

— Muito obrigado, mesmo. À vocês duas — Bruno agradeceu. Isabela riu.

— Tia, seu nome é Rosa e sua caneta também é rosa? — Os olhos verdes caíram direto pro bolso do jaleco, confusa.

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