Capítulo XIV

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Antes de começar esse capítulo, queria reforçar aqui - de novo - que tudo que tenha a ver com medicina nessa fic é fruto da minha imaginação! Então, não tomem absolutamente nada como verdade. Mediciners, não se ofendam (nem me ofendam), amo vcs <3

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Calor.

Essa era a palavra mais ouvida em Belo Horizonte nos último dias. Estava muito quente.

Novembro estava começando e com ele vinha o calor e o fim de semestre. E com este, a semana de provas.

Rosamaria sempre – ou na maioria das vezes – lidou muito bem com provas e avaliações no geral. Sempre se cobrou muito, é claro, mas nunca se deixou levar pelo nervosismo, nem pela tensão que antecedia o período tão temido por seus colegas. Ela tomava aquilo tudo como parte do processo e fazia o máximo para manter-se centrada. Até agora, tinha funcionado perfeitamente.

Mas dessa vez tudo estava diferente – ela estava nervosa. Não sabia o porquê, já conhecia o processo: estudar, entrar na sala, fazer a prova, sair e esperar o resultado. Simples, nada de novo, certo?

Não! Eram as provas que, de uma vez por todas, definiria a sua carreira. Ou ela ficaria a um ano de se tornar cirurgiã cardiotorácica, ou seria um fracasso total e teria de refazer sua residência. Uma prova escrita e outra oral carregavam o peso de anos de estudo, que poderiam ser jogados fora caso algo corresse errado.

Rosamaria estava nervosa. Como nunca esteve frente a uma prova. E isso era, sem dúvidas, assustador.

Ela e sua turma de residentes teriam, mais ou menos, um mês para preencher as lacunas e sanar as última dúvidas até o dia-D. Era hora de esquecer que finais de semana existiam e levar as fichas de estudo para todo lugar que fosse.

Não havia espaço para brincadeiras, passatempos e, muito menos, distrações. Ela não podia se dar tais luxos.

Péssimo momento, então, para Rosamaria estar parada sob um sol de pré verão – que poderia facilmente ser confundido com o auge da estação – esperando outro carro de aplicativo, no meio do trânsito belo-horizontino. O carro em que ela percorreu a metade do caminho até o hospital, às seis e meia da manhã, havia quebrado. Ou enguiçado, ela não saberia dizer.

Quando, finalmente, um motorista aceitou sua corrida, ela procurou uma  sombra na qual pudesse espera-lo, visto que demorariam mais seis minutos inteiros até que ele chegasse. 

Aparentemente veículos não gostam de trabalhar sob altas temperaturas, pois (será possível!) era a segunda vez que ela passava por aquilo em quinze dias. Rosamaria bufou. Sua cota de vexames tinha esgotado muito tempo atrás, na festa de Camila Brait. Na verdade, ela só se lembrava de metade do evento em si, e dessa parte ela não tinha muito do que reclamar. Mas doía, quase que fisicamente, lembrar dos dias que sucederam à festa. Como se já não bastassem as lembranças de uma ressaca horrível no dia seguinte, ela teria que conviver com a informação – pois ela sabe somente porque Carolana lhe contou – de que tinha sido cuidada por Caroline Gattaz. Disso, ela não recordava um segundo sequer. Mas de quando ela teve que fugir da neuro-cirurgiã, disso, ela se lembrava.

Rosamaria tinha certeza que estava no lugar errado. As luzes do hospital em que ela trabalhava não eram tão claras desse jeito. Ou eram? Impossível.

— Rosamaria? — Carol chamou — Tá' acordada, mulher?

A loira piscou fundo antes de responder. — Quase. Me pergunta de novo daqui a pouco.

— Já é segunda-feira e você ainda tá' de ressaca, amiga? — indagou Carolana — A festa foi sábado — concluiu, fazendo Rosamaria estalar a língua.

The brain's heartOnde histórias criam vida. Descubra agora