Capítulo XI

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Antes de começar, eu queria dizer à Gio do Pão de Queijo e à Madu que eu sou carioca e não tenho medo das ameaças de vocês, obrigada!

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Horrível.

Totalmente desconfortável.

Meu Deus, preciso sair daqui!

Rosamaria precisou de alguns segundos, depois de abrir os olhos, para ter noção do próprio corpo. E quando ela conseguiu, a única coisa que ela era capaz de pensar era no quanto ela estava espremida naquela cama junto de Carol.

Sem se mexer, ela sentiu um peso em sua cintura, que ela conseguiu identificar como o braço esquerdo de Gattaz, e notou seu pescoço dolorido – não estava deitada sobre um travesseiro, mas no braço direito da mulher atrás de si. Olhou para baixo e viu que seus joelhos estavam para fora da cama, pois era a conchinha menor e Carol estava super encolhida para caber no móvel — que claramente não comportava as duas —. Rosamaria sentiu seu corpo inteiro arrepiar quando a respiração de Carol bateu em sua nuca. Seu coração acelerou e ela decidiu que precisava levantar.

Então, o mais devagar que conseguia, começou a levantar. Tirou o braço de Gattaz de cima do seu corpo e rolou as pernas para baixo, abaixando o braço que antes a segurava logo em seguida. Buscou suas roupas e as vestiu o mais rápido que podia, sem fazer barulho, calçando seus tênis e só pegando o seu jaleco antes de sair do quarto. Prendeu a respiração enquanto olhava uma última vez para a mulher enrolada nos lençóis e fechava a porta.

Assim que deixou o quarto devidamente fechado atrás de si, Rosamaria sentiu seus olhos pesados. Não havia, nem de longe, dormido o suficiente. Mas as possibilidades de ela continuar dormindo ali eram abaixo de zero.

Ela ficou parada por alguns minutos, tentando raciocinar o que tinha acontecido – olhou para a porta fechada, quase vendo através dela, e a imagem de Carol apareceu em sua mente. Ela realmente havia transado com Caroline Gattaz?

Caroline Gattaz, sua chefe. A mais chata de todos o seus superiores. A que ela não conseguia ficar perto um minuto sem discutir. A que a prendeu vinte dias em algum tipo de exercício de moralidade super estranho e, nas palavras de Rosa, provavelmente ilegal.

Mas que merda foi essa?, Rosamaria quase gritou mentalmente, quando saiu do transe em que se encontrava. Com a respiração irregular, ela percebeu que ainda estava parada na frente do quarto de plantão, então obrigou suas pernas a funcionarem e começou a caminhar em direção à sala dos residentes. Queria, desesperadamente, trocar de roupa e ir para casa, a fim de dormir todas as horas que restavam da sua folga pós-plantão. E, de bônus, não pensar nos últimos acontecidos.

A catarinense estava quase chegando no seu destino, quando foi interrompida por o que pareceu ser um poste em sua frente. Rosamaria levou um susto tão grande ao esbarrar em Sheilla que deu um pulinho involuntário para trás.

— Minha Nossa Senhora, Sheilla! — exclamou a loira. A médica segurou Rosa pelos braços, numa tentativa de ampara-la.

— Calma, calma — tranquilizou — Tá tudo bem? — Rosamaria ainda tinha olhos arregalados e a respiração ofegante.

— Tá', tá' sim — afirmou — P-por que não estaria?

— Sei lá, cê' tava andando muito rápido, quase correndo, e quase me levou junto — Sheilla respondeu — De novo. Mas dessa vez não fui eu que assustei.

Rosamaria soltou uma risada que não continha emoção alguma, era mecânica. — Não, eu acho que eu só tava... — ela começou, gaguejando e passando a mão pelos cabelos — Não é nada, tava indo me arrumar pra ir embora. Isso.

The brain's heartOnde histórias criam vida. Descubra agora