Ari?
Rosamaria parou suas anotações e encarou Caroline, com a testa franzida. Esta olhava a mulher na maca com olhos que pareciam perdidos. Como nenhuma das duas ainda não havia falado nada, a catarinense resolveu quebrar o silêncio.
— Kisy, tem algum sintoma neurológico?
A estagiária balançou cabeça, negando. — Não. Não chamamos a doutora.
Carol limpou a garganta, parecendo sair de seus pensamentos.
— Não, ninguém me chamou — confirmou. — Tava passando por aqui e resolvi entrar...
Ariele enconstou nos travesseiros da maca, com a ajuda de Kisy. Rosamaria ainda prestava atenção no diálogo das outras loiras na sala.
— Eu pensei mesmo ter visto em algum lugar que você trabalhava aqui, mas só agora tô' vendo que é verdade — falou Ariele, com a voz ofegante. Rosamaria puxou a máscara de oxigênio e colocou em seu rosto, deixando-a segurar sozinha logo depois. Gattaz assentiu com a cabeça e hesitou por alguns segundos.
— O quê cê' tá' fazendo aqui?
— Jogando vôlei que não é — brincou, com uma tentativa de risada, mas que saiu como uma lufada de ar na máscara. — Na verdade, eu-
A paciente foi interrompida antes que pudesse terminar. Um enfermeiro, que Rosa reconheceu como sendo da emergência, apareceu na porta pedindo licença.
— Família tá' aqui — disse, olhando para Rosa, que acenou para que deixasse entrar.
Uma mulher alta, mas ainda mais baixa que Rosa, de cabelos castanhos e corpo magro adentrou o recinto. Ela tinha uma bolsa pendurada nos ombros e sua roupa estava amassada, como se vestida às pressas. A mulher recém chegada passou pela porta como um furacão e foi parar só quando estava ao lado de Ariele, segurando sua mão. Rosa se afastou para dar a devida privacidade às duas.
— Meu Deus, o que houve? — A moça perguntou, com a voz urgente de quem se preocupa. — Me ligaram do nada falando que você estava no hospital, amor — Ariele fechou os olhos, apreciando o contato.
— Os paramédicos disseram que ela desmaiou na rua e que foram chamados pelos vizinhos da região — Kisy esclareceu. — A senhora, aparentemente, era o contato de emergência.
Amor? Rosamaria estava completamente perdida.
Olhou para Carol novamente, tentando buscar algum sentido naquela interação super estranha. Sua visão foi de uma Caroline completamente pálida e imóvel. Agora, ela observava a cena com olhos arregalados, parecia estar vendo dois fantasmas. Rosamaria deu dois passos em direção à Carol, só para o caso de ela desmaiar de repente. Por sua expressão facial, Rosa não duvidava que isso fosse uma possibilidade real.
Antes de ouvi-la falar, a catarinense viu a neurocirurgiã engolir em seco.
— Natália?
A morena, que até agora tinha seus olhos em Ariele, virou-se para a voz que a chamava. Ela indireitou a coluna, ficando ereta e arqueou as sobrancelhas enquanto a surpresa tomava seu rosto.
Natália? De onde ela conhece essa gente?
— Caroline, quanto tempo — falou Natália, com a voz aguda pelo susto. Rosamaria não soube dizer se aquele era o tom de voz real da mulher, mas torceu para que não. A residente tinha a sensação de que passaria algum tempo em sua companhia. — Você por aqui.
Quanto tempo? Rosamaria tentava acompanhar, mesmo com as palavras que não eram ditas em voz alta por nenhuma das três.
— Eu meio que trabalho aqui — Carol respondeu. Um silêncio super desconfortável perdurou na sala por alguns (longos) segundos. Os olhos da neurocirurgiã saltavam de uma mulher para a outra, sem saber o que dizer.
KAMU SEDANG MEMBACA
The brain's heart
Fiksi PenggemarCarol e Rosa se conhecem em um ambiente hospitalar, no qual nenhuma das duas está muito interessada em algo diferente de seus pacientes. Mas entre muitas diferenças, muitas discussões e muitos plantões juntas, elas descobrem que são exatamente como...