Tudo bem

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Charlie claramente estava bem desconfortável com a atenção que estava recebendo depois que voltou a frequentar as aulas. As pessoas faziam perguntas e desejavam melhoras, e ele dava aquele sorriso constrangido de “eu só queria comer em paz”.

Ele ainda andava devagar com os braços junto ao corpo, estava liberado para fazer coisas que não exigissem esforço, e poder sair da cama para ele foi como ser solto da prisão.

Enquanto andávamos até um restaurante, vi algumas pessoas me olhando quase com pena e eu tentei por tudo não me focar nisso.

Parecia idiotice acreditar que comigo Charlie era diferente, mas era, tinha que ser. E algumas vezes me ocorria que eu poderia levar um tombo bem grande com isso tudo, mas bem, a vida tá aí pra ser vivida, mesmo que eu sofra igual uma desgraçada depois.

— Notou também, né? — ele disse baixo.

O olhei assustada, falei aquilo em voz alta?

— O que?

Olhou em volta rapidamente.

— Estão olhando para nós como se eu fosse um lobo conduzindo uma ovelha para a toca dele — subiu um degrau devagar — é perturbador saber que eu dei motivos para isso.

— Ta, chega disso — disse decidida estendendo o braço a ele para ajudá-lo — esquece todo mundo, ok? Estou fazendo isso — ou tentando.

Ele deu um sorrisinho e segurou minha cintura com uma mão me trazendo para perto de seu corpo.

— A forma como lida com isso é tão estranha — ele sorriu — e eu adoro.

Sorri revirando os olhos beijando seu ombro rapidamente.

— Estou tentando ser sensata — eu disse calma, falar em volta tornava mais claro — e falando em ser sensata, tomou o remédio?

Charlie fez uma careta e eu olhei o relógio em seu pulso, havia passado só vinte minutos.

— Já vou tomar, mãe — ele disse abrindo a mochila para pegar o remédio.

Charlie doente parecia uma criança, pior que uma criança, na verdade.

E no meio do caminho para o restaurante chines nos deparamos com Carter e Rose. Carter andava mais quieto, mas realmente não parecia bravo, no máximo meio desconfortável, acenou brevemente de longe e respondemos, Charlie um pouco afoito demais, Rose, por outro lado, largou Carter e veio apressada até mim para me dar um abraço.

Já disse que amava aquela menina?

E Rose ter vindo fez Carter também vir, não correndo igual a ela, mas estava vindo.

— Oi — Rose sorriu abertamente para mim, os cabelos castanhos meio alaranjados brilhando no sol de uma forma absurda — oi Charlie.

— E ai? — Charlie estendeu o punho fechado para ela que o cumprimentou sorrindo.

— Eu falei para ele deixar de ser estúpido — sussurrou Rose ao olhar rapidamente para trás vendo se Carter vinha em nossa direção.

— E conseguiu? — sorri.

— Bom, ele está vindo até aqui — olhou para Charlie que a olhou agradecido.

O movimento “dê uma chance ao Charlie” ganhava cada vez mais seguidores, para nossa sorte, eram seguidores relevantes para o garotinho, ou seja, algum impacto acabava tendo.

— Oi — Carter disse ao estar próximo o suficiente para ser ouvido sem gritar

— Oi — respondemos em uníssono.

O melhor amigo do meu irmão Where stories live. Discover now