Não é importante

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   Talvez fosse porque no ano anterior eu não estava me formando, ou talvez eu estivesse alheia a essa situação, mas agora, há pouco mais de um mês da formatura as coisas pareciam muito… agitadas.

    Abby sofria em silêncio, e por um lado ter uma colega de quarto que não me deixava ainda mais eufórica era tranquilizador. Havia aparecido com um anel há algum tempo e Jack precisou me contar que havia dado a ela para eu entender o porquê dela andar tão quieta. As coisas entre os dois pareciam sérias e ela parecia um pouco assustada em como tudo evoluiu rápido.

    Como eu disse, estava tudo muito agitado.

    No momento, estávamos deitadas, com a fraca luz das luzinhas no teto iluminando o quarto. Eu tentava ler outro livro que o TikTok havia me recomendado, e Abby tinha o celular na mão, mas não olhava para ele, olhava para o anel fino e lindinho em seu dedo.

    — Emily — disse do nada.

    Tirei os olhos do livro a olhando. Havia se virado de lado na cama e abraçava os cobertores me olhando atentamente, os olhos castanhos claros ficando amarelos na luz, como um gatinho.

    — Eu.

    Ela respirou fundo.

    — Você não ta com medo de ir morar com o Charlie depois daqui?

    Engoli em seco. Na verdade, eu estava um pouco, mas não havia parado tanto para pensar ao ponto de concretizar aquele medo na minha mente.

    — Talvez medo seja muito para descrever, sinto mais uma incerteza em algumas coisas.

    Ela assentiu.

    — Eu pareço um pouco com ele, nessa questão de não... conversar direito com os outros, sobre sentimentos e tal — assenti, realmente parecia — acha que Jack pode estar inseguro sobre mim, e por isso me deu esse anel?

    Franzi o cenho.

    — Olha, Jack tem uma inteligência emocional muito mais evoluída que eu, ele lida com você de uma forma diferente do que eu lido com o Charlie — dei de ombros — acho que esse anel não é por uma insegurança, mas por uma certeza.

    Ela piscou me olhando atentamente e eu sorri.

    — Você não é muito de falar, mas você faz as coisas — me virei direito para ela também — não é porque sua forma de amor não é a "convencional" que significa que não sente, e muito menos, significa que ele não entenda e sinta isso.

    Abby assentiu.

    — Parece tão fácil pra você, dizer as coisas assim — ela fechou os olhos.

    — Como o que? Dizer que eu te amo, por exemplo? — ela riu e eu sorri — eu sou mole, Abby, eu amo todo mundo que me dá atenção.

    Ela riu de volta e eu sorri.

    — Ele já falou com você alguma coisa sobre isso?

    Ela negou.

    — Então, to falando que ele te entende — dei de ombros — se fosse algo que ele estivesse incerto ou que incomodasse, com certeza ele já teria conversado com você. Então fica calma, tá tudo bem.

    — Ok — ela assentiu para si mesma — eu... sabe, vou sentir falta de você falando sozinha enquanto estuda.

    Sorri abertamente.

    — E eu de você jogando suas coisas por todos os cantos.

* * *

    Eu não havia frequentado muitas festas naquele ano, mas aquela em específico parecia valer o meu tempo.

O melhor amigo do meu irmão Where stories live. Discover now