O menino da moto

335 36 0
                                    

Batia a ponta da caneta na coxa de forma extremamente frenética enquanto lia o livro atentamente. No outro lado da sala, Nathan dormia no colo de Kate que acariciava seus cabelos atenta em algo no celular, Sarah estava deitada no chão digitando algum trabalho ou coisa do gênero, Nick dava alguns beijinhos na cabeça dela a interrompendo hora ou outra, e Charlie, sabe Deus onde Charlie estava.

Erguia meus olhos para a porta vez ou outra na esperança que ele entrasse por ali. Me disse que ia pegar alguns livros na biblioteca, mas eu duvidava muito que ele sequer tivesse um cadastro lá. Fazia alguns dias que ele estava meio recluso, acho que estava procurando outro robe para ocupar seu tempo já que não faria mais parte do time.

Sinceramente não sei, arrancar alguma informação dele quando estava assim era muito difícil, ele sempre sorria e mudava de assunto discretamente e depois de dar várias voltas, conseguia fugir da minha pergunta inicial com maestria. Geralmente já era mais reservado, e quando algo o incomodava, ele se fechava completamente.

Era quase um talento.

E como se lesse meus pensamentos, a porta abriu revelando o meu garotinho, a mochila no ombro direito e um casaco no outro braço, e como ela imaginava, aparentemente sem nenhum livro emprestado da biblioteca.

— Ah, oi — disse com um breve aceno para todo mundo, nada surpreso com o tanto de gente espalhada pela sala de sua casa.

Passou por cima de Sarah enquanto Abby voltava com a água que havia ido pegar na cozinha e se inclinou para me beijar rapidamente.

— Oi, linda.

— Oi — sorri sentindo seu cheiro.

— Muito ocupada ai? — olhou para o livro em minha mão — quer subir?

Assenti e aceitei sua mão estendida a mim e levantei. Passamos de volta por cima de Sarah indo para as escadas até o segundo andar, indicou para eu ir primeiro e subi com ele logo atrás de mim.

— Então, biblioteca? — ergui a sobrancelha sentando em sua cama enquanto ele fechava a porta atrás dele.

— É — ele disse constrangido abrindo a mochila mostrando um livro, parece que eu estava errada — todo mundo está estudando, achei que poderia fazer o mesmo.

— Muito bom — fiz uma careta impressionada e ele sorriu deixando o livro na cômoda antes de ir pra cama sentando ao meu lado.

Olhei seus olhos de perto erguendo uma mão para acariciar seu rosto lentamente. Charlie fechou os olhos movimentando o rosto contra minha mão, como um gatinho.

— Sabe — ele disse baixo segurando minha cintura — minha mãe vai casar, de novo.

O olhei esperando que ele abrisse os olhos e me olhasse para que eu entendesse o quão ruim aquilo era pra ele.

— Conhece o cara? — perguntei quando ele continuou de olhos fechados em silêncio.

— Não sabia que ele existia até dois dias atrás — ele riu baixinho — ela quer que eu vá, ser padrinho e essas idiotices.

— Diga a ela que… não sei, que não se sente confortável.

— Não adiantaria muito, ela não me escuta de qualquer forma — me deu um selinho — mas sei lá, se você fosse comigo seria menos detestável — ele enfim me olhou — poderíamos aproveitar a viagem pra fazer um passeio, vai ser em Los Angeles, sabe…

— Se for, claro que vou com você — o beijei rapidamente.

— Obrigado — ele sorriu —  ela não é detestável como meu pai, apenas relapsa, mas quem se importa?

O melhor amigo do meu irmão Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt