Talvez eu precisasse ir pra terapia. Eu sei, todo mundo no fundo precisa, por mais que não queira admitir, mas talvez eu realmente precisasse muito ir para a terapia.
Nunca tive problemas acadêmicos, deixando a modéstia de lado, sempre fui uma aluna exemplar em todas as matérias sem excessão. Talvez o único deslize tenha sido quando Charlie quebrou as costelas e eu meio que larguei tudo para dar uma assistência mais do que completa a ele, mas sei lá, tinha muita coisa envolvida naquele momento e eu não considerava isso de fato um relaxo ou incapacidade.
Mas agora era diferente. Eu estava com reais dificuldades em fazer as coisas, estudava e não absorvia nada, ia digitar trabalhos e nada saia, ficava na aula e quando percebia minha cabeça estava em Plutão... não sei o que estava acontecendo.
Me aproximei muito de Jack nesses meses e a inteligência daquele homem era algo a ser admirado. Era mais que uma inteligência acadêmica, ele tinha uma inteligência emocional absurda e quando o procurei para desabafar sobre minhas questões ele foi extremamente prestativo deixando sua leitura de lado para me ouvir.
— Senhorita — ele me cumprimentou com um sorriso.
— Senhor — me sentei de frente para ele — viu Abby hoje?
— Sim, está tendo um seminário nesse momento — ele olhou o relógio rapidamente — não vai nos agraciar com sua presença nesse almoço — assenti, me recordava de ela falar algo do gênero — o que é bem conveniente considerando que você precisa conversar comigo.
Sorri sem graça e ele sorriu de volta.
— Conte para o tio o que te aflige.
Jack era muito compreensivo, como Carter, e de alguma forma eu estava suprindo esse lugar de "irmão mais velho" com ele, apesar de eu ser mais velha dois meses e alguns dias, mas na minha cabeça ele era uns cinco anos mais velho, pelo menos.
— Já viu algo como um bloqueio acadêmico?
Ele franziu o cenho.
— Preciso de mais informações.
Sorri suspirando.
— Recebi duas notas que não eram exatamente o que eu esperava, e... sem querer ser egocêntrica ou coisa do tipo, eu não estou acostumada a ir mal em provas e afins — ele assentiu — estou tendo dificuldade nas aulas para me concentrar e fazer as coisas, no geral.
Jack passou a mão em seu cabelo agora bem maior do que no início do ano letivo, mas ainda bem longe de ser do tamanho que era quando o conheci.
— Eu tenho um palpite, mas não acho que vai gostar de ouví-lo — me olhou atentamente.
— Gosto menos ainda de não saber, então por favor, fale — me inclinei sobre a mesa curiosa.
— Eu analiso as pessoas de forma extremamente involuntária — ele sorriu como se estivesse fazendo uma besteira — e você é extremamente fácil de ler — ergui as sobrancelhas — e isso não é ruim, pelo contrário, você é uma pessoa bem clara em tudo que faz.
— Ok...
— Vamos te comparar com a Abby, acho que vai ficar mais claro pra você — ele tossiu para melhorar a voz — ela não se altera, não importa o que aconteca ela é extremamente estável... por fora. Já deve ter notado — assenti com veemência e ele sorriu — você é o completo oposto.
Respirei fundo e olhei para a mesa.
— E o que isso significa, exatamente?
— Que as coisas te afetam de forma bem explícita — passou seu celular para o lado, cruzando os braços em cima da mesa.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceGostar do melhor amigo do seu irmão pode ser um problema, mas para Emily, não. Pelo menos, a princípio não parecia nada demais até que para Charlie, se relacionar com a irmã de seu quase irmão se torna um grande problema.