Mudanças

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   Me despedir de Charlie foi talvez uma das coisas mais dolorosas que já havia feito. Ele não chorou enquanto eu ainda estava com ele, mas quando me virei rapidamente antes de embarcar, vi que ele enxugava os olhos com as mãos e involuntariamente voltei a chorar.

    O voo foi muito demorado, dormi durante todo o caminho para não ter um ataque de pelanca em pleno voo, e segurei bem a barra até pousarmos.

    Carter não me esperava no aeroporto, Kate não estaria no quarto quando eu chegasse e Sarah não viria fazer uma de suas piadas sarcásticas. Eu sei que era exagero, mas no momento parecia o fim do mundo.

    Os calouros se moviam pelo campus empolgados. Todos cheios de malas procurando seus dormitórios, me deu uma repentina preguiça de vê-los começar o que pra mim já estava acabando.

    Arrastei minhas malas pelo gramado indo de forma certeira até o dormitório. Agora eu ficaria com Abby no quarto que era dela e de Sarah, talvez mudar o quarto fosse bom para não ficar lembrando daquela criatura com um unicórnio na coxa de forma constante.

    Ainda era de manhã, não achei que teria tanta gente ali àquela hora, mas todo mundo parecia apressado em arrumar as coisas e descansar até o dia seguinte. Cumprimentei algumas meninas quando entrei no dormitório e me dirigi para as escadas, tirando a chave, que Sarah havia me dado no último dia de aula, do bolso da jaqueta.

    Não precisei usá-la, porque a porta estava destrancada.

    — E ai, loira? — Abby sorriu se virando para mim.

    Já arrumava seu lado no quarto da forma que eu estava acostumada a ver. Sorri deixando minhas malas na entrada, joguei o travesseiro que estava embaixo do meu braço na cama e tirei rapidamente a mochila dos ombros indo abraçar aquela maluca.

    — Oi, meu amor — disse a apertando com força — e Jack?

    — Está no dormitório arrumando as coisas dele — ela sorriu — e você? Menos deprê por estar longe de Charlie e Kate?

    Neguei e Abby riu acariciando meu rosto antes de me soltar.

    — Já passa.

    — Não tenho tanta certeza que em algum momento isso vai doer menos…

    — E não vai — ela ergueu as sobrancelhas — quis dizer esse ano, ele já vai passar, mais rápido do que espera.

    Sorri sentando na cama completamente descoberta.

    — Torço para que esteja certa.

    — Você vai ver, vamos ter tanta coisa para fazer que não vai sobrar muito tempo livre para sentir falta deles.

   Respirei fundo puxando minha mochila para meu colo.

    — Tem certeza?

    — Absoluta, esse ano vai ser um inferno — ela riu — e vamos estar no fogo dele, ardendo juntas.

    — Que estimulante — disse calma a fazendo sorrir e dar de ombros.

    — Não sou boa em fazer ceninhas, sou realista, apenas — voltou a mexer em suas coisas.

    — Certíssima — ri me levantando.

    Tirei a roupa de cama e os cobertores das embalagens a vácuo encaixadas em cima das malas e comecei a arrumar a cama primeiro, como sempre fazia.

    — E como foi em Los Angeles? — ela perguntou sentando em sua cama, aparentemente, seu lado do quarto já estava pronto. Não era nem meio dia, me perguntei que horas ela havia chegado para já ter terminado tudo.

O melhor amigo do meu irmão Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt