Desinformado

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Era engraçado e trágico, engraçado pra mim e trágico para elas. Eu observava Kate e Sarah explodirem de nervosismo com a complexidade dos trabalhos nesse último ano, Kate estava bem preocupada em como iria administrar o tempo para dar conta de tudo, e Sarah estava preocupada se tinha condição mental de fazer tudo.

Eu sabia que o último ano apertava bastante, mas sinceramente não tinha parado para pensar nisso de forma aprofundada até aquele momento. Talvez por confiar na minha capacidade de dar conta, ou por ingenuidade mesmo.

De qualquer forma, eu só ia descobrir daqui um ano.

— Eu posso ajudar vocês com algo? — perguntei — pegar algo pra comer, ir buscar algum livro…

Sarah sorriu e me olhou negando suavemente.

— Está tudo bem, Barbie, só estamos meio apavoradas.

— Mesmo assim — reforcei sorrindo — se eu puder ajudar…

— Ai loirinha, você é tão amorzinho com a gente — Kate me puxou me abraçando do nada — brigadinha.

Sorri afagando as costas dela.

— Por nada, meu amor.

Sentei calmamente ao lado delas e peguei um livro qualquer começando a ler. Abby estava no sétimo sono no sofá e eu estava quase me juntando a ela, mas me mantive forte para dar apoio moral para as meninas.

Charlie dizia que eu distraia ele, então estava fazendo as coisas sozinho no quarto, mas daqui a pouco eu tinha certeza que ele ia descer pedindo para eu ajudá-lo. Ele não era nada seguro nas coisas que fazia academicamente, sempre precisava de uma opinião externa para dizer que ele estava no caminho certo e por algum motivo ele achava que eu era uma ótima orientadora, mas na maioria das vezes nem saber do que se tratavam os trabalhos dele.

— O que vão fazer no ano que vem? — Kate perguntou do nada.

Ergui os olhos esperando que ela falasse com Sarah, mas ela me olhava.

— A que se refere? — perguntei franzindo o cenho.

— Você e Abby, vão pedir transferência para o mesmo quarto?

Pensei por um segundo.

— Pode ser, nem tinha pensado nisso — dei de ombros — mas claro, se ela quiser ficar comigo, vai ser ótimo.

Kate assentiu.

— Odiaria que ficasse sozinha.

Sorri. Estava preocupada comigo, que lindinha.

— Eu só vou ficar de vela do casal, fora isso tudo bem.

As duas riram baixo e eu olhei novamente para Abby, ainda desmaiada no sofá.

Voltei a focar em meu livro quando ouvi o barulho aguçado de Sarah escrevendo no caderno. Não deu meia hora quando ouvimos passos na escada, e eu conhecia muito bem os três moradores dali para saber que era Charlie mesmo antes dele aparecer.

Nathan não andava, praticamente corria, Nick era grande e andava com toda a calma do mundo, e Charlie andava completamente descompassado. Os três facilmente identificáveis.

Ele apareceu com alguns livros e um sorriso constrangido.

— Oi — deu um sorrisinho — posso ficar aqui com vocês?

Sarah riu.

— Senta, garotinho.

Ele sorriu agradecido e foi para o meu lado.

— Não tinha nenhum barulho lá em cima, e eu preciso pelo menos saber que tem gente viva perto de mim — ele disse voltando a abrir o livro que estava marcado com o dedo — beijinho? — ele sussurrou chegando mais perto de mim.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora