Bem vinda ao inferno

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Deixei um bilhetinho dando tchau para Kate, era muito cedo para acordá-la.

Peguei minha pequena mala e saí do quarto em silêncio. O dormitório às cinco da manhã era engraçado, quer dizer, o dia estava nascendo e o lugar estava completamente vazio e incomodamente silencioso.

Eu e Charlie iríamos faltar nas aulas daquela sexta, não sei se ele havia avisado aos professores, mas eu avisei, e bem, já que não iríamos para aula mesmo, achamos o vôo mais cedo possível para Los Angeles.

Charlie estava bem empolgado que ficaríamos em sua casa, que agora era a casa de sua mãe, mas mesmo assim parecia animado por ficarmos lá sozinhos até Sábado, quando teríamos que pegar um carro e dirigir um pouco até o local do casamento.

Saí do dormitório e andei arrastando minhas coisas até a saída do campus onde Charlie me esperava.

— Bom dia, lindinho — sorri.

— Bom dia — ele sorriu me puxando pela cintura para um beijo rápido — o Uber já está chegando — ele olhou o celular — pronta?

Assenti. O que poderia dar errado? Muitas coisas, na verdade, mas tentei não me focar nelas.

O voo foi calmo, tirando Charlie ter cortado a circulação da minha mão na decolagem e no pouso, mas fora isso, tudo ótimo.

Em compensação, quando saímos do aeroporto, a ensolarada Los Angeles fez os olhos de Charlie brilharem, acho que apesar de tudo, ele tinha carinho por aquele lugar.

— Pra casa, minha querida — ele disse sorrindo enquanto procurávamos nosso carro alugado, precisávamos dele para ir para o casamento.

Nunca havia estado em Los Angeles, mas era realmente muito mais movimentada e barulhenta do que eu imaginava. A menina que cresceu numa cidade pequena ainda existia em mim e nessas horas eu lembrava dela.

Charlie entrou com o carro pelos portões de um condomínio parando o carro antes de passar pelo surgindo portão.

— Documento, senhor — um homem de terno apareceu ao lado do carro com uma prancheta enorme.

Charlie abriu sua carteira tirando seu documento e entregando ao homem.

— Sou filho de Florence, ela deve ter deixado a chave.

— Ah sim — ele disse cansado — ela disse que viria, mas não deixou a chave — Charlie franziu o cenho — mas temos um estoque delas aqui porque… ela perde com frequência e cansamos de chamar chaveiros.

Charlie sorriu sem graça.

— Poderia me dar uma?

— Claro, claro — ele conferiu o documento mais uma vez, provavelmente olhando de volta o nome e o devolveu a Charlie voltando pouco tempo depois com uma chave.

Charlie agradeceu com um sorriso e o homem abriu os portões com o clique de um botão em um pequeno controle preto e entramos finalmente.

Tentei não parecer tão impressionada ao ver uma casa maior que a outra. Eu achava minha casa grande, mas perto daquelas parecia uma gaiola de hamster.

— Fica no fim do quarteirão — Charlie disse metendo o pé no acelerador e demoramos uns cinco minutos para chegar lá.

A casa de Charlie era preta, o que achei muito legal, tinha grandes janelas de vidro e era igualmente grande como todas as outras. Por um momento entendi porque a mãe dele não ficava solteira muito tempo, devia ser depressivo morar lá sozinha.

— Charlie — perguntei enquanto ele manobrava o carro na garagem — se sua mãe casou várias vezes, porque nunca saiu daqui?

Charlie me olhou com uma expressão divertida.

O melhor amigo do meu irmão Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang