Dúvida

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Era interessante ver os meninos tendo conversas de adulto, de verdade, sem brincadeiras e nem nada do tipo. É claro que eu sabia que apesar das cagadas que eles faziam, constantemente na verdade, eram homens responsáveis, ou quase.

Charlie, Nathan e Nick conversavam sobre a venda da casa depois da formatura, alguns papéis estavam espalhados pela mesa e os três estavam estupidamente sérios enquanto conversavam. Haviam coisas que eles precisavam arrumar na casa antes de vendê-la, inclusive os móveis que eles iriam ou não incluir na casa. Enfim, um trabalhão que estava grata por não ser meu.

— Então você vai pra L.A também? — Kate perguntou me cutucando ao ver que eu parecia muito concentrada na conversa deles.

Desviei meus olhos dos meninos e sorri meio sem graça. A verdade é que depois da última confusão entre mim e Charlie, eu estava pensando bastante em muitas coisas, revendo muitas coisas. Nossa comunicação morando há dois minutos um do outro era péssima, imagina há horas de distância?

Não queria ser pessimista, mas esse cenário dele lá e eu aqui não me parecia promissor, ainda mais considerando os recentes acontecimentos. Por alguns dias minha vida parou de girar em torno dele, e eu sobrevivi, isso foi diferente do que me acostumei nesses meses com ele.

— Sim, a princípio sim — Kate franziu o cenho com minha resposta não tão animada.

— Não está tudo bem ainda? — ela perguntou segurando meu ombro.

Sorri, agora de verdade.

— Não é isso — acariciei sua mão que estava no meu ombro — resolvemos as questões e tá tudo bem.

— Então por que essa cara?

Olhei para Charlie que grifava algo que Nathan apontava.

— Porque eu não sei quanto tempo vai durar até acontecer de volta.

Kate respirou fundo.

— Somos extremamente diferentes, isso é algo palpável pra todo mundo. E certo, eu sempre achei que fossemos complementares, mas…

— Ei ei ei — Kate disse segurando minha mão — vamos sair um pouco, vem.

Murchei os ombros e me levantei a contra gosto.

— Vamos comprar um café — Kate anunciou.

Os três nos olharam rapidamente e assentiram voltando a discutir calmamente.

Saí pela porta da frente com Kate e ajeitei meu casaco ao sentir o vento gelado me cortar.

— Ok, vamos por partes — ela disse calmamente — é o primeiro relacionamento sério que tem na vida, né?

Assenti, querendo ou não, era. Não posso considerar nada que tive antes nem como um “relacionamento”, quem dirá “sério”.

— É meio normal surgir essas incertezas, ainda mais depois de um conflito um tanto sério. Vocês ficaram uma semana sem se falar e se ver, sendo que estudam no mesmo lugar, isso não é qualquer coisa.

Assenti de volta.

— Mas você tem que diferenciar se está com medo de dar errado, ou com medo de dar certo — franzi o cenho e Kate riu — se está com medo de dar errado, é porque quer essa criatura, apesar de tudo. Se está com medo de dar certo, é porque talvez não o queira mais e está tentando arrumar uma desculpa para isso, e o medo de não ter uma desculpa está te deixando assim.

— Não, não é isso — neguei prontamente — eu amo ele de um jeito absurdo.

— Mas…

Sorri.

O melhor amigo do meu irmão Where stories live. Discover now