— É muito apertado aqui! — Charlie reclamou com um refrigerante na mão enquanto subíamos pela arquibancada.
Ri me concentrando em não tropeçar e cair em alguém.
— Que barulho infernal! — reclamou de volta e eu ri de volta.
Charlie estava meio irritado, ele não era muito de ficar no meio de todo mundo, sempre que estávamos em algum lugar com muitas pessoas ele tendia a ficar mais afastado, de acordo com ele, o excesso o “sufocava”.
Mas eu sabia que não era só a multidão que estava o incomodando.
— Amor — segurei sua mão enquanto ele desviava de algumas pessoas para subir mais um degrau, ele fingiu que não me ouviu — quer mesmo assistir?
— Claro que quero — ele disse sério.
— Então pode parar de reclamar de absolutamente tudo?
— Eu só não… — ele respirou fundo se controlando quando alguém trombou com ele sem querer.
— Desculpa cara — o menino disse voltando a descer apressadamente.
— Não foi nada — ele rosnou.
Franzi o cenho. Eu sabia que quando ele ficava desconfortável e constrangido, sua reação automática era ficar rabugento, mas ele parecia um pouco alterado demais hoje, parecia bravo, realmente bravo.
— Se está achando ruim agora, aconselho que vá para casa — eu disse calma não querendo piorar, mas também não querendo ficar com ele daquele jeito — o barulho vai piorar, as pessoas vão pular e… em algum momento esbarrar em você.
Ele me olhou e não disse nada enquanto voltava a andar, apenas segurou minha mão me levando com ele.
— Eu hein — murmurei.
— Eu tô desconfortável ok? — ele disse pisando distraídamente em um degrau e quase tropeçando — mas que porra!
— Ei ei ei — segurei seu braço com força o olhando séria — chega de chilique por hoje, vai pra casa, se é por Carter eu converso com ele depois.
— Não — voltou a subir mais rápido, soltando minha mão e deixando para trás.
Bufei voltando a subir.
Ele tentou conversar normalmente com todo mundo, o mais normal possível, porque como sempre, tínhamos que gritar um pouco, e eu entendi na hora que ele queria me provar que estava completamente bem, o que só tornava tudo pior.
— E esse menino novo — Abby disse de boca cheia os jogadores se aquecerem no campo, inclusive o novo braço direito de Carter — ele é bom? Tipo, tem potencial? — olhou para Charlie atrás de uma opinião confiável.
— Sei lá — ele disse olhando para o campo — não vi nada e estamos no primeiro jogo, nem tem como opinar ainda.
Abby me olhou num claro “o que deu nele?” e eu suspirei erguendo os ombros. A falta de comunicação dele estava me irritando de um jeito um pouco mais forte que o normal, eu contava tudo a ele, as coisas boas, ruins, absolutamente tudo, e eu sentia que não sabia de metade das coisas que passavam por sua cabeça.
Frustrante, absolutamente.
Ele não se movimentava muito enquanto assistia o jogo, muito menos falava algo. Pensei que ele seria parecido com Nathan, ficaria gritando, pulando e querendo descer para fazer melhor, mas toda sua hiperatividade em campo ia embora quando estava fora dele, e assim, ficou parecendo uma estátua com os olhos fixos no campo o jogo todo.
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O melhor amigo do meu irmão
RomanceGostar do melhor amigo do seu irmão pode ser um problema, mas para Emily, não. Pelo menos, a princípio não parecia nada demais até que para Charlie, se relacionar com a irmã de seu quase irmão se torna um grande problema.