Criança birrenta

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Eu acordei em algum momento da madrugada. Meu celular estava sem bateria para me dizer a hora, mas pela escuridão do céu, sabia que não passava das quatro da manhã, com toda certeza.

Esfreguei o olho sentindo a ponta do meu nariz extremamente gelada, acho que era melhor me enfiar embaixo das cobertas antes de ficar doente. Me arrastei até meu dormitório, abri a porta da frente que como sempre estava trancada, e subi até meu quarto lentamente.

Não me surpreendi por Kate não estar ali, deveria ter ido dormir com Nathan achando que eu estava com Charlie, o que foi um grande alívio, porque eu não seria capaz de ser silenciosa e não acordá-la.

E eu não queria dar explicações.

Arranquei o casaco com um pouco de raiva e tirei o resto da roupa colocando meu pijama rapidamente, depois caí na cama e lá permaneci até Kate me acordar entrando no quarto de forma nada discreta e silenciosa.

— Ah, você tá ai — ela disse um pouco aliviada.

Voltei a fechar os olhos e virei de costas para ela.

— Onde você estava? O Charlie tá doido atrás de você, disse que veio aqui umas duas da manhã e você não estava, não atendia o celular e...

Continuei muda e depois de alguns segundos senti minha cama se mover lentamente.

— Vocês brigaram? — ela perguntou passando a mão no meu cabelo.

Continuei em silêncio, nem sabia dizer o que havia sido aquilo, mas eu ainda estava explodindo de raiva.

— Ok — ela concluiu sozinha — só vou avisar que você tá aqui para ele parar de procurar — a ouvi saindo do quarto.

Nem deu um minuto até eu ouvir passos apressados no corredor.

— Saí Kate, eu vou falar com ela — ele disse bravo e eu me encolhi, não queria ele agora.

— Não vai! — Kate parecia ainda mais brava que ele — eu não sei que merda que aconteceu, mas ela não quer você agora.

— Eu não ligo para o que você acha, eu preciso falar com ela.

— Charlie Martin, esse é meu quarto e eu o proíbo de entrar ai — ela disse mais autoritária do que algum dia já vi — ela ta dormindo, sabe deus onde estava a noite inteira e vocês não vão conversar enquanto ela não quiser, agora some daqui.

Ele aparentemente foi, porque parei de ouvi-lo. Aquele não era meu Charlie, não era.

A porta abriu de volta e pelos passos tive certeza que era Kate.

— Só me responde uma coisa, por favor — ela sentou do meu lado acariciando minhas costas — ele fez alguma coisa com você ou só foi um desentendimento?

Abri os olhos olhando para a parede, no lugar dela eu também estaria meio aflita com isso.

— Foi uma discussão, ou coisa parecida — murmurei para acalmá-la.

— Ok — ela parecia aliviada — ele já foi embora, pode dormir.

Assenti e virei para ela segurando sua mão.

— Obrigada.

Ela sorriu e se inclinou beijando minha testa.

— Dorme, está com a cara péssima.

Me enrosquei na cama de volta e rapidamente voltei a desmaiar na cama.

* * *

Passei o domingo praticamente todo no quarto, só saí para almoçar, e nessa saída já fiz questão de comprar algo para comer a noite e não precisar sair de volta.

O melhor amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora