Preciso de ajuda

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Desci as escadas do dormitório um pouco apressada, quase tropecei, o que não foi nenhuma surpresa. Carter era um garoto teoricamente tranquilo, então quando algo saia do controle com ele, tendia a ser sério.

E uma mensagem extremamente direta como “Desce aqui, preciso falar com você. Agora” me deixou quase em pânico.

Carter não estava no saguão do dormitório, estava do lado de fora, andando de um lado ao outro com uma mão em frente a boca. Respirei fundo ficando ainda mais em pânico, mas tentei passar calma enquanto saia.

Quando abri a porta ele me olhou parando de andar de um lado para o outro.

— Eu… preciso de ajuda — disse baixo.

Assenti com firmeza tentando passar conforto e apontei com a cabeça para os bancos de madeira que ficavam ali perto, mas não perto o suficiente para nossa conversa ser ouvida pelas pessoas que estavam por ali.

— O que aconteceu? — toquei sua perna quando ele se sentou ao meu lado, de forma um tanto bruta, por sinal.

Respirou fundo e coçou o cabelo.

— Como vão as coisas com o Charlie? Tá tudo certo?

Franzi o cenho surpresa com a pergunta vinda do nada. A verdade é que tudo estava muito bem, apesar da loucura do último ano dele, estava tudo ótimo.

Agora estávamos há menos de quatro meses da formatura, aquele ano estava passando tão rápido.

— Sim, pelo menos eu tinha certeza absoluta há cinco segundos atrás — respirei fundo — ele te falou algo?

— Não, não é isso — ele continuou sério e coçou o cabelo — mas quero dizer, vão ficar um ano separados, estão lidando bem com isso?

— É, na medida do possível — dei um pequeno sorriso.

— Ótimo — ele assentiu.

— Mas se não tem nada a ver com isso, porque…

— Eu vou morar com Rose e estou surtando — ele disse ofegante — eu queria poder ficar um ano sozinho igual vocês, só pra ter certeza que… sei lá.

Franzi o cenho.

— Que?

— Eu amo ela, caralho, eu amo demais — ele passou a mão no cabelo.

— Então qual o problema?

Ele respirou fundo olhando para a grama fixamente.

— Que se eu for morar com ela, isso vai ser tipo… sério, de verdade — me olhou atentamente — e se tudo der errado, além da decepção coletiva eu vou ficar… parece exagero, mas não sei se aguento.

Sorri abertamente, o dom de sofrer por antecedência devia ser de família.

— A Rose te ama, criatura.

Ele sorriu.

— Eu sei — respirou fundo colocando a mão no peito — é só meio desesperador. Tipo, eu vou virar um homem que vai morar com a namorada, isso é muita coisa, eu vou ter que ser responsável.

Assenti.

— Desesperador é uma ótima palavra pra definir esses últimos meses — sorri.

— Se… se tudo der errado, ainda vai estar lá por mim?

Sorri o puxando para um abraço.

— Vai estar por mim?

— Sempre.

— Eu também, maninho — beijei seu ombro — e claro, sempre existe a possibilidade da gente fugir e largar tudo.

Ele riu me apertando com um pouco de força antes de me soltar.

O melhor amigo do meu irmão Where stories live. Discover now