Espiãs

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Estávamos espionando Abby, mas não diga a ela que estou te contando isso.

Ela estava no seu primeiro “encontro” com o rebelde sem causa, cabeludinho e cheio de tatuagens. Kate, como uma digna paranóica, estava bem preocupada com o andamento desse encontro, e estávamos bem curiosas sobre a aparência dele também.

Os vigiamos de longe tentando ser discretas, e o que posso dizer sobre Jackson? Bom, ele se encaixava exatamente no que pensamos quando Abby nos contou sobre eles. Ele era alto, extremamente branquelo e com várias tatuagens nos braços expostas por uma blusa preta sem mangas. Usava o cabelo escuro em um coque, mas dava para notar que o comprimento passava dos ombros pelo menos, seus dedos estavam repletos de anéis e em seu pulso direito tinha uma pulseira grossa prateada.

E mesmo não se encaixando nada no tipo de homem por que eu me sentia atraída, tinha  que admitir que além de bonitinho, possuía um charme que era bem atraente.

— Parece tudo bem — Kate disse semicerrando os olhos para os dois.

No momento eles conversavam, Abby sorria um pouco e ele parecia extremamente atento nela.

— É — assenti — acho que podemos ir.

Kate relutou um pouco, mas fomos embora. Ela estava desconfiada do menino por algum motivo que eu tinha a sensação que não tinha relação com a aparência dele.

— Porque parece tão preocupada? — perguntei finalmente.

— Pressentimento ruim — ela suspirou — tipo o que eu tive com você e o Charlie, mas eu estava errada, então provavelmente é só meu instinto de proteção apitando de forma inadequada de volta.

Sorri abraçando seus ombros.

— Fica tranquila, ela ta no meio de um monte de gente e prometeu que ia avisar se precisasse de ajuda, é doidinha, mas sabe se cuidar.

Kate assentiu enquanto andávamos meio tortas pelo gramado. Já disse que odiava andar naquele lugar? Pois bem, era todo irregular e escorregadio, terrível.

Eu sentia totalmente que Kate tinha um instinto de proteção quase materno com todas nós. Ela era a mais velha, mesmo que a diferença entre ela e Sarah fosse de só cinco meses, e não bastando isso, também era a mais responsável num conceito geral, porque bem, Sarah não ligava muito para as coisas, Abby era inconsequente e eu era emotiva demais. Kate de uma forma ou de outra era o melhor parâmetro de estabilidade que tínhamos, e ela com certeza sabia disso.

— Então senhorita cachinhos dourados — sorri — o que quer fazer agora já que os meninos estão ocupadinhos?

— Não sei — admiti, sei que era meio ruim, mas eu estava muito dependente de Charlie ultimamente, era quase como se ele fizesse parte de mim — alguma sugestão?

— Eu queria doce, mas já comi muito hoje e minha academia não tá em dia para eu abusar desse jeito — revirei os olhos sorrindo.

— Ainda não sei porque faz academia, claramente odeia ir.

— Odeio ir, mas odeio ainda mais não caber nas minhas roupas — revirei os olhos de volta — nem todo mundo é gostosa sem fazer nada igual você.

Ri de verdade.

— É isso que acha de mim?

— Ah Emily, francamente — Kate riu — você é perfeita até demais.

Fiquei séria olhando para a grama alguns segundos.

— Eu era muito magra até meus quatorze anos —  eu não gostava muito de falar daquilo — me chamavam de Barbie anoréxica na escola, aí eu comecei a tentar comer… muito para tentar sei lá, engordar algo — ela me olhou atenta — fiquei com a pressão e o colesterol alto por conta disso — olhei algumas pessoas correndo pelos campus e me desconcentrei por um segundo imaginando o que estaria acontecendo — e… no ensino médio fiquei menos magrinha, ganhei um pouco de perna e tal, mas nada de peito, era quase que literalmente um tábua — olhou para baixo rindo um pouco — ai com dezoito convenci meus pais a deixarem que eu colocasse silicone, e depois disso passei a me sentir um pouco melhor.

O melhor amigo do meu irmão Место, где живут истории. Откройте их для себя