Não quero que venha

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O tempo passou voando, e quando parei para refletir, faltava uma semana para a formatura. Todos os formandos estavam em clima de alívio após estarem entregando os últimos trabalhos e recebendo as últimas notas.

E eu estava tão acostumada com o ritmo aloprado daquele ano, que depois que terminei tudo e minha última nota foi lançada atestando que eu havia passado em tudo, me deu um certo vazio.

Amendoim costumava tirar longos cochilos durante o dia, para ficar correndo naquela rodinha a noite toda, então eu não podia recorrer nem à sua companhia, e tinha um pouco de pena de ficar atormentando a vida dele enquanto queria dormir.

E... claro, eu tentei não levar tão ao pé das letra as palavras de Charlie naquele dia, mas a voz dele dizendo que a minha formatura não era algo importante voltava de forma extremamente nítida nos meus pensamentos. Eu havia ficado chateada, muito chateada, e provavelmente era algo que eu deveria falar com ele, mas o medo de fazer uma confusão tão perto de ir para lá não me pareceu muito atrativo.

Mas por outro lado, aquilo estava me corroendo um pouco.

Naquela tarde eu ia ocupar a minha cabeça comprando meu vestido com Abby e Jack. Abby também ia comprar o vestido dela e Jack ia para dar opiniões e fazer companhia. E como ele era extremamente sincero sempre, era uma boa companhia para comprar roupas.

— Eu tenho que combinar com seu terno, porque quero fotos bonitas — Abby disse batucando no banco do carro — como você vai, afinal? — direcionou os olhos para Jack.

— Eu... bem, pensei no preto básico — ele deu de ombros.

— Sério? — ela perguntou surpresa e eu sorri, não esperava nada que não fosse preto vindo de Jack.

— É — ele riu, aparentemente para ele também era algo óbvio — pode escolher o vestido que quiser.

— Eu jurei que você ia meter um verde ou coisa assim — eu e Jack rimos e ela sorriu — você é diferentão, me pareceu óbvio não apostar no básico.

— Eu não sou "diferentão" — ele disse meio ofendido.

— É sim — ela contestou.

— Emy? — ele me olhou pedindo uma segunda opinião com os olhos.

— Você é peculiar — eu disse — tem um estilo não convencional, mas eu sinceramente esperava preto mesmo.

— Eu sou básico, não peculiar — ele se defendeu de volta.

Abby ergueu as sobrancelhas e segurou as correntes na calça de Jack.

— Básico?

— É.

Ri revirando os olhos.

— Eu sou básica — ela disse e depois me olhou — a Emy é fashionista e você é um projeto de motoqueiro rebelde.

— Fashionista? — ergui as sobrancelhas rindo.

— Projeto de motoqueiro rebelde?

Abby revirou os olhos.

— Ai gente, francamente — ela riu — você não é chamada de Barbie a toa, e você... — olhou para Jack — é um baita de um gostoso, mas é meio assustador às vezes.

Ri da cara de Jack, me esquecendo por um momento que Abby havia me chamado de Barbie.

— Ei! — a olhei ofendida e ela riu com meu delay.

— Vamos logo que se eu me estender nisso, não vamos sair daqui hoje — ela nos apressou batendo palminhas.

Jack me olhou e demos de ombros ao mesmo tempo enquanto ele ligava o carro saindo da vaga em que estava na rua. Sorri olhando os dois, Abby toda delicada com sua blusinha de lã branca e Jack com os braços repletos de tatuagens e o cabelo zoneado. Lindinhos demais.

O melhor amigo do meu irmão Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu