Alucinação

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Acordei apalpando a cama ao meu lado, mesmo sabendo que não iria achá-lo ali. Respirei fundo ainda de olhos fechados e os abri lentamente antes de sentar. Charlie havia saído antes de eu acordar, o que era absolutamente normal, mas dormir com ele e acordar sozinha era como se ele fosse uma alucinação.

Se havia algo que eu definitivamente não podia dizer que não estava fazendo era descansar. Eu não mexia em nada da faculdade há duas semanas, estava dormindo tudo o que não dormi nos últimos meses, e por mais que odiasse admitir, estava comendo melhor também.

Acariciei seu lado da cama rapidamente e me levantei, supondo que fosse perto da hora do almoço. Kate trabalhava de casa, então eu geralmente almoçava com ela e depois ficava lá apenas para não ficar sozinha, e de acordo com ela, era bom ter alguém por perto.

Escovei os dentes e tomei um banho rápido colocando o primeiro vestido levinho que vi, e com o celular na mão, saí do apartamento descendo alguns andares de elevador até a senhorita Baker.

— Bom dia _ bati na porta antes de entrar.

Kate tinha o notebook aberto em cima da bancada enquanto preparava algo para comer.

— Oi, senhorita _ ela sorriu dando mais uma olhada de relance no notebook, só então notei que algumas pessoas falavam _ reunião inútil _ ela explicou e eu sorri indo até ela.

Abracei sua cintura e ela beijou o topo de minha cabeça.

— Algum dia vai me deixar ajudar? _ perguntei olhando para as panelas.

— Não _ ela sorriu _ você está de férias e eu estou praticando.

Revirei os olhos me sentando na bancada ao seu lado.

Kate reclamava toda vez que o gerente regional falava algo inútil, o que acontecia com bastante frequência, e depois de uns dez minutos que eu cheguei, a reunião acabou.

— Vai ser minha cobaia hoje _ Kate sorriu maléfica pra mim e eu franzi o cenho.

— O que está fazendo?

— Penne a bolonhesa _ ela sorriu abrindo uma panela.

— O cheiro está ótimo.

Ela sorriu ainda mais.

— Nathan vai ver, eu vou ficar tão boa quanto ele.

Ri.

Kate não era ruim na cozinha, realmente não, mas Nathan fazia qualquer coisa gostosa ficar realmente muito gostosa, era um talento descoberto "sem querer", e ela estava decidida a ser igual a ele.

Eu achava incrível como Kate podia ser tão diferente e tão igual a Kate de uns meses atrás. Quer dizer, ela parecia uma adulta de fato, mas ainda era a Kate.

Ela me contava tudo sobre os últimos acontecimentos e eu tentava falar do que havia mudado comigo também, mas não tinha nada muito empolgante em comparação às histórias dela.

Afinal, eu estava me matando de estudar, fazendo trabalhos, tentando dormir decentemente e… era isso. Nada demais. Agora ela tinha ótimas histórias, como a do susto que ela levou ao acordar e ver Charlie dormindo no sofá porque “ouviu um barulho” no apartamento e ficou com medo de ficar lá sozinho.

Depois que ela fechou o notebook, encerrando o dia, voltamos a conversar como se não tivéssemos parado, e logo, a campainha tocou.

— Ta aberta _ Kate disse.

Charlie abriu a porta e deu um sorrisinho nos olhando.

— Posso levar a refém de volta?

— Não, deixa ela aqui _ Kate fez beicinho.

O melhor amigo do meu irmão Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon