39 • BEM-VINDA AO PASSADO

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Selena me olhava com calma e esperava de forma paciente, enquanto eu tentava escolher como começar

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Selena me olhava com calma e esperava de forma paciente, enquanto eu tentava escolher como começar.

— Você já sabe que eu era do exército. – digo e ela assente – E aquilo era minha vida. Sempre foi tudo o que eu quis. Quando entrei, estava decidido a fazer carreira e fiz. Participei de muitas missões de invasão, proteção de território, tomada de regiões, buscas por criminosos que atentaram ou representavam perigo ao país, missões humanitárias, resgates e mais uma porrada de coisas que colocam os militares pra fazer.

Tomei ar e continuei.

— Durante toda a minha carreira, foram duas as minhas maiores e principais missões: uma no Iraque, quando eu era apenas soldado, e outra no Afeganistão. Não sei se por coincidência ou ironia, mas uma foi exatamente a minha primeira e a outra a última missão da minha carreira.

— Então a última vez que esteve em campo foi no Afeganistão? – ela perguntou e assenti.

— Lá eu já tinha assumido a patente de Tenente-General e era o terceiro na linha de autoridade hierárquica do exército, ou seja, só tinham duas pessoas acima de mim e era somente a elas que eu respondia. O primeiro era o General do exército, óbvio, ele comandava todo o exército americano. O segundo, era o General da missão, responsável pela execução da missão no Afeganistão e todas as tropas que estavam lá. Depois deles, tinha eu, que era responsável por comandar o avanço da missão na minha região em campo.

Tentei explicar da forma mais clara e ela acompanhava parecendo entender.

— Como o país era consideravelmente extenso, eles mandavam várias tropas para todas as regiões, de ponta a ponta daquele lugar, com vários Tenentes-Generais para organizarem o avanço do exército em campo e um deles era eu. Fiquei responsável por avançar com a minha tropa na região mais à sudeste do país, a minha zona era numa província chamada Zabol.

— Vocês estavam invadindo o país? – ela questionou com uma ruga entre as sobrancelhas.

— Sim, tínhamos ordens para tomar cada região.

— Com qual objetivo?

— Lembra do 11 de setembro?

— Claro.

— Desde o atentado, o exército americano invadiu o Afeganistão atrás do Bin Laden e começou a tomar todo o país para punir o Talibã, que estava no controle do Afeganistão e abrigava terroristas, seus grupos, os seguidores, apoiadores e o caralho a quatro daqueles malucos doentes de merda!

Esfreguei o rosto com algumas lembranças não muito agradáveis.

— Mesmo depois de encontrarem e matarem o desgraçado, os Estados Unidos continuou mandando soldados, porque ainda tinham muitos dos seguidores loucos dele por lá, atacando as tropas. Então tínhamos a missão de avançar na tomada do território, proteger as regiões que já tínhamos invadido, conter os rebeldes, destruir abrigos e armamentos de terroristas e prender os infelizes e os seus seguidores lunáticos. O governo chamava de missão antiterrorismo, mas todos sabíamos que estava mais para uma retaliação.

SELENA FERRARIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora