77 • A BUSCA

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Ele não deu um passo e arriscava dizer que não moveu um músculo para subir na aeronave, então tomei a atitude primeiro e virei as costas, já voltando a andar e tentando acompanhar os outros que caminhavam em direção aos carros

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Ele não deu um passo e arriscava dizer que não moveu um músculo para subir na aeronave, então tomei a atitude primeiro e virei as costas, já voltando a andar e tentando acompanhar os outros que caminhavam em direção aos carros.

Minha mente e coração estavam inteiros no Murilo, pensando em como ele poderia estar, se estava muito machucado, se iríamos encontrá-lo, se ele conseguiu se virar sozinho naquele lugar e acima de tudo isso, eu só pensava no exato momento em que eu finalmente iria tê-lo na minha frente outra vez, em que eu iria vê-lo pra tirar toda aquela angústia do meu peito.

Entrei no banco de trás e Rodrigo se acomodou do meu lado. Combinamos de retornar para casa para nos equipararmos de forma adequada e então cairmos nas buscas.

Tirei minhas mãos dos bolsos do sobretudo e as apoiei no meu colo, tentando controlar o tremor de nervosismo e ansiedade que me consumiam naquele momento, em que eu sentia minha garganta apertar.

— Ei. Tudo bem?

Rodrigo perguntou observando minhas mãos e entrelacei meus dedos para disfarçar.

— Sim.

— Selena, não tem que mentir pra mim.

Disse baixo e o encarei ao meu lado.

— Nunca vi você assim e já estive em muitos momentos extremos ao seu lado...

Começou a falar, encarando minhas mãos.

— A verdade é que eu não estou no controle, Rodrigo. Na maior parte do tempo eu apenas finjo, mas eu sei que não estou no controle de nenhuma das minhas emoções. Sabe o básico de agir com frieza nessas situações? Eu não estou conseguindo fazer.

Lamentei, soltando o ar pesado do corpo.

— Não se cobre tanto, é uma situação muito difícil pra todos e pra você talvez ainda mais.

— Eu nunca me imaginei e nem me vi assim, mas é exatamente como estou em cada um dos dias.

Falei, mostrando minhas mãos trêmulas para ele.

— Eu me sinto um fio pólvora em chamas, em que a qualquer momento detonar e enlouquecer de vez.

Confessei e ele colocou uma de suas mãos sobre a minha.

— Se isso acontecer, não vai estar sozinha. Mas não se pressione tanto, é muita coisa para lidar.

— Exatamente. É muita coisa... Você não imagina o quanto.

Respondi baixando o olhar.

— Como assim? Tem mais alguma coisa acontecendo?

Perguntou e o encarei de lado, balançando a cabeça negativamente e ele entendeu que a minha tolerância para continuar conversando havia terminado naquele momento. Rodrigo apenas respeitou o meu silêncio e foi segurando minha mão até chegarmos de volta à casa.

SELENA FERRARIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora