69 • CHEGADA

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Cinco dias antes

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Cinco dias antes...

Observava o caminho pela janela e o silêncio do carro fazia contraste completo com o barulho da minha mente, o aperto no meu coração, a angústia que corria por meu corpo e o medo que me paralisava em meio a tudo o que estava acontecendo.

No meio disso tudo, eu ainda conseguia sentir uma raiva monumental por estar no Brasil. Eu amava minha família, mas não era aqui que eu deveria estar. Cada parte de mim queria estar vasculhando tudo naquele maldito lugar e arredores até encontrar ele, porque ele tinha que estar lá em algum lugar.

Eu já havia chorado tanto na cabine do jato que não tinha sequer forças para conseguir fazer isso novamente, mesmo com meu emocional me obrigando. Minha mente só pensava nele, só simulava os melhores e piores cenários diante de tudo e me torturava com as nossas lembranças juntos.

Como plano de fundo a tudo isso, eu tinha o Alexandre tentando estabelecer qualquer conversa comigo, mas eu sinceramente não tinha forças e me negava aquilo.

— Selena, por favor.

Ele pediu apoiando sua mão sobre a minha no banco do carro, enquanto saíamos da pista de pouso e íamos para casa.

— Eu não quero falar sobre o que aconteceu agora.

Respondi com certo esforço, ainda com os olhos na janela.

— Não falaremos então.

Disse e assenti.

— Mas me diga, o que tem em mente? Está muito quieta diante de tudo e sei que isso é por já ter traçado o caminho que vai seguir.

— E que você vai se juntar com o resto da família para me impedir.

— Talvez sim. Talvez não. Depende do que me disser.

Falou e virei o rosto para nossas mãos no banco, ficando alguns segundos em silêncio e ele respeitou isso.

— Entende que eu não devia estar aqui?

Questionei finalmente o encarando e minha voz saiu falhada, assim como senti meus olhos umedecendo com certa rapidez.

Meu irmão suspirou e acariciou minha mão com seus dedos antes de levá-la até a boca e deixar um beijo carinhoso.

— Sei o que está sentindo.

— Não sabe, Alexandre... Eu estou tentando me agarrar a pouca força que tenho para me manter de pé, mas a verdade é que eu estou desesperada!

Confessei apoiando a cabeça no banco e sentindo as lágrimas se acumulando nos meus olhos.

— Eu não consigo raciocinar direito pra pensar numa solução. Cada parte de mim só quer surtar agora. Minha vontade é de gritar até não poder mais, quebrar o que tiver na minha frente... Eu estou enlouquecendo!

SELENA FERRARIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora