70 • ACOLHIMENTO

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Continuação - cinco dias antes

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Continuação - cinco dias antes...

Ficamos mais alguns segundos daquela forma, até que o liberei meu irmão.

— Agora levanta, lava esse rosto e vamos descer. – Disse e fiz uma careta em recusa. – Nem adianta olhar assim que a nossa mãe contou que não comeu nada o dia inteiro!

— Não estou com fome, Apolo...

— E eu não estou nem aí! – Me cortou com toda a sua delicadeza e me empurrou para levantar do seu colo – Vai lavar o rosto. Eu vou buscar uma água pra você e quando voltar, nós vamos descer!

— Apolo... – tentei pedir, enquanto ele já caminhava em direção à porta.

— Selena ou desce com as suas próprias pernas ou arrastada pelos cabelos! Você escolhe!

Afirmou e saiu batendo a porta que fiquei encarando com olhar cerrado, mas confesso que até das idiotices dele eu estava com saudade.

Fiz meu caminho até o banheiro e lavei o rosto algumas vezes, tentando acalmar minha pele levemente inchada e avermelhada. Em seguida, peguei uma toalha de rosto e o sequei com cuidado.

Me encarei no espelho e eu estava realmente destruída e não havia água gelada no mundo que disfarçasse aquele semblante abatido, os olhos e nariz vermelhos e a boca inchada.

Respirei fundo algumas vezes, tentando recompor qualquer ânimo que me restasse para não ser uma companhia tão ruim à minha família.

Estava terminando de organizar melhor meus cabelos no espelho do banheiro quando ouço a porta sendo aberta sem nenhuma gentileza e retorno para o quarto já pronta para encarar aquele ogro abusado novamente.

— Tiaaaa!

Aurora entrou gritando no meu quarto e encarei a minha pequena, que estava com um vestidinho rodado branco com listras vermelhas, sapatilhas nas mesmas cores e o que chamava atenção mesmo era o seu cabelo, que tinha um copo pequeno de pipoca colado e vários pedacinhos de isopor dentro representando a própria pipoca.

— Minha princesa!

Afirmei agachando e abrindo os braços para receber o abraço mais gostoso do mundo. Levantei o corpo, colocando Aurora no colo e dando vários beijinhos no seu rosto.

— Que saudade que eu estava de você, meu amor.

Confessei sem conseguir largar ela e o Apolo entrou no quarto já com um meio sorriso e o copo com água na mão.

— O que é isso?

Perguntei apontando para sua cabeça e ela me deu um sorriso travesso, me encarando com aqueles olhinhos cor de mel.

— Foi dia do cabelo pirado na creche.

Apolo explicou e o encarei.

— Não é cabelo maluco?

SELENA FERRARIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora