Nossa Babá

12

•DANIEL•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

Eu adorava meus momentos com as crianças e suas risadas, gostava de está com meus filhos e saboreava cada momento com eles, mas eu precisava admitir que uma folga era sempre bem-vinda.

Quando a noite chegava e o silêncio era atrapalhado unicamente pelas conversas minha e do meu marido, era um dos meus momentos favoritos. Eu não escolhi me apaixonar por Gabriel quando nos conhecemos, mas eu escolhi passar o resto da minha vida com ele e isso era uma decisão da qual eu nunca me arrependi.

Senti o cheiro do hambúrguer enquanto desembalava o pacote e deixei um sorriso escapar. Meu marido entrou com uma garrafa de vinho na sala de jantar.

— Olha o que eu encontrei — Ele estendeu a bebida para mim — Têm algo melhor do que lanche e vinho juntos?

— Com certeza não — Depositei um selinho rápido em sua boca e voltei ao meu trabalho de nos servir.

Para essa noite nós dois não queríamos cozinhar, por isso optamos por pedir lanches e cair na cama. Meu marido estava detonado do trabalho e eu estava exausto de passar o dia com as crianças.

Sentamos diante a mesa e começamos a nos servir da comida nada saudável.

— Como foi o seu dia hoje? — O ruivo perguntou nos servindo com vinho.

— Foi bom, deixei as crianças faltarem mas aproveitamos bem o dia, eles estão cada vez mais esperto.

— Nem me diga, acredita que Amy já está aprendendo a sair do berço? Aquela menina vai nos deixar pirado das idéias — Uma risada escapou de mim.

— Acho que ela teve a quem puxar — Ele entendeu o recado.

— Então ela têm muita sorte.

— Claro — Ironizei bebendo um pouco do álcool — Hum, conversei com a Isadora hoje, sobre aquele nosso... Infortúnio.

Gabriel paralisou no mesmo instante e me olhou por poucos segundos até conseguir raciocínar. Ela era mesmo um assunto delicado para nós.

— E o que aconteceu?

— Me desculpei pela a situação e expliquei que isso não iria acontecer de novo, ela reagiu bem e disse que não devíamos desculpas a ela, aliás estávamos na nossa casa.

— Tecnicamente ela tá certa, mas mesmo assim aquele momento foi... Inesquecível.

— Falamos sobre outras coisas também — Lembrei da conversa de algumas horas atrás — Mas teve uma parte que me chamou a atenção.

— O que exatamente?

— Isadora falou uma coisa... Bom, ela deu a atender que era uma pretendente para sairmos juntos, mas...

— Ok, o que estamos esperando para subir lá em cima e arrancar as roupas? — O ruivo largou o lanche.

— Gabriel, não seja idiota, isso passaria dos limites e foi só uma brincadeira, eu acho.

— Dani eu não consigo mais, meus pensamentos impuros estão acabando com minha pobre mente santa.

— Posso imaginar o quanto seus pensamentos está estragando esses neurônios — Cruzei os braços e o observei — Talvez a gente se acostume com ela, quer dizer, uma hora temos que nos acostumar.

— Com certeza, até lá vamos ficar que nem coelhinhos no cio, sem dúvidas é um ambiente bem agradável.

Ele bebeu sua taça toda e quando estava prestes a levantar um barulho nas escadas o interrompeu.

Os passos eram delicados e lentos, foi quase como se eu pudesse observar a morena descendo. Olhei meu marido que pareceu ter suas batidas do coração aceleradas, sério mesmo? Não é possível que ficamos assim apenas de ouvir ela andando.

Um silêncio reinou por uns segundos mas em instantes a garota estava diante de nós nos tirando o suspiro. Paralisei ao vê aquela merda de pijama.

— Meninos? Ainda estão acordados — Ela corou como sempre fazia quando estava diante de nós.

Nossa babá pareceu aliviada por nos encontrar vestidos dessa vez.

— Boa noite, Isadora — Quebrei aquele silêncio que vinha de nós dois.

— Eu só desci para beber uma água, não sabia que ainda estavam de pé.

— Precisa de alguma coisa? — Gabriel perguntou quase babando no chão. Eu vou matar esse desgraçado.

— Ah, não, desculpa se atrapalhei.

— Você não atrapalha — Ele por acaso estava hipnotizado?

— Já comeu, Isadora? — Tentei disfarçar as palavras do tarado do meu marido.

— Não, tô sem fome.

— Trouxemos um lanche extra, se por acaso quiser...

— De jeito nenhum! É de vocês e não pretendo pegar.

— Não é como se estivéssemos com tanta fome e não quero ninguém desmaiando por aí porque ficou sem comer. Janta com a gente — Não controlei minha boca diante daquele encantamento que vinha dela.

Eu parecia tão ruim em disfarçar quanto meu marido, mas porra, ela estava usando um pijama que nem cabia nela! Sério Isadora, comer de pau duro não é nada legal.

— Se não vai fazer falta eu posso me juntar a vocês.

Ela sentou do lado do meu marido e ele fechou os olhos no mesmo instante, parecia fazer uma oração na cabeça. Talvez ele devesse pedir para conseguir parar de olhar para os seios dela. Espero de verdade que ela não esteja desconfortável.

Gabriel colocou a taça dele em sua frente e a serviu com vinho. A morena bebeu um gole e nos ofereceu um sorriso gentil, tão lindinha.

— Não estou acostumada a beber álcool enquanto como um lanche, mas obrigada.

— De nada, querida — Gabriel colocou batatas fritas em sua frente e faltou apenas abanar a menina com folha de bananeira.

— Por que não conseguiu dormir ainda?

— Acho que só tô com problemas de insônia.

— Deveria resolver isso, não é nada bom para sua saúde.

— Eu sei, obrigada pela preocupação.

— É sério, se tiver algo te incomodando apenas fale com a gente, acho que já estamos na fase de sermos amigos — Ofereci as melhores palavras que consegui para ela e a morena ficou vermelhinha.

— Têm razão, talvez eu tome um pouco de leite quente antes de dormir — Foi instantâneo me engasgar com a bebida.

Sério mesmo Daniel? Sua cabeça andava tão perturbada que não podia escutar palavras como 'leite quente' vindo da boca dela?

— Tá tudo bem? — Ela mostrou uma preocupação genuína.

— Claro... —  Levantei da mesa e Gabriel me olhou desesperado — Eu só vou no banheiro rapidinho.

Largar Gabriel sozinho com ela era uma péssima idéia, mas passar mais um segundo com aquela mulher me deixaria sem consciência.

O que era para ser uma noite tranquila e amorosa acabou com meu pobre marido sendo fodido. Certamente precisávamos tratar disso.