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ISADORA
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Jamais pensaria que meus chefes fossem tão loucos a ponto de viajarem quilômetros de distância de sua casa apenas para vir me vê. Pelo jeito ainda precisava conhecer muito deles.

Foi uma surpresa inacreditável vê os dois na porta da casa dos meus familiares, quase fiquei sem reação quando nossos olhares se encontraram, acho que só agi de um jeito automático. Minha mãe ficou estérica como sempre, ela fez uma centena de perguntas aos dois, minha irmã apenas guardou suas expressões de desconfiada e meu pai claramente entendeu que tinha algo de errado. Afinal, quem percorreria um caminho tão distante apenas para vê a babá de seus filhos?

Respirei fundo e tentei controlar minhas emoções dentro de mim, parecia que tinha um turbilhão de borboletas no meu estômago prontas para serem vomitadas. Tirei meus pensamentos negativos da cabeça e coloquei as duas xícaras de café na mesinha de centro, eles me observaram como se tivessem um abocanhado de coisas para dizer, mas até agora a única coisa entre a gente era um silêncio pesado.

— Você ficou linda de cabelo curto — Gabriel foi o primeiro a falar.

— Obrigada — Falei de maneira simples.

Eu nunca fui do tipo que descontava as frustrações no cabelo, quando era mais nova as minhas colegas eram acostumadas a fazer isso, mas eu preferia preservar meu corte de sempre, não sei de onde tirei coragem para cortar. Mas eu não era a única diferente, o ruivo também havia cortado o cabelo bem mais curto do que o comum e Daniel estava deixando a barba crescer.

Odiava admitir isso, mas os dois estavam tão lindos quanto nunca, mesmo que Gabriel tivesse cortado o cabelo que eu tanto admirava.

— Nossa viagem foi bem complicada...

— Por favor, vamos direto ao assunto, o que estão fazendo aqui? — Interrompi o moreno.

Os dois se olharam como se tivessem receio de abrir a boca. Estava me sentindo desamparada por dentro.

— Estamos com saudade de você, Isadora — Dani suspirou e passou a mão no rosto como se quisesse limpar a mente — As crianças não param de perguntar sobre você.

— Também estou com saudade das crianças — Minha resposta não foi do agrado deles — Os deixaram com quem?

— Minha mãe ficou com eles.

— Então largaram os filhos de vocês para tirarem um tempo de folga? — Cruzei os braços já pensando nos meus pequenos.

— Não fala assim, por favor — O moreno se levantou e deu passos até mim — Quando vai voltar para casa, Isadora?

— Já tô em casa, e aliás como descobriram meu endereço? — Andei em direção a varando tentando ao máximo não manter contato visual.

— Fomos tão ruins assim? Não pode nos perdoar por um erro pequeno? — Podia escutar alguns passos se aproximando — Volta, nós estamos implorando para voltar, se não for pela gente, pelo menos vai pelas crianças

— Não precisa voltar a trabalhar para gente, se quiser apenas morar em Los Angeles novamente até pagamos um aluguel para você, visite nossa casa de vez em quando para falar com Amy e Luke, mas porra, não nos deixe tão sozinhos assim — O desabafo deles aparentava ser mesmo real.

Virei em direção aos dois e os observei na porta da varanda, meus olhos se enchiam de lágrimas e eu fazia um bom esforço para manter minha cabeça erguida. A verdade era que eu queria apenas correr para o braço deles e tentar entender o motivo da minha irritação, não éramos nada especial antes da briga, por que eu estava agindo como se fôssemos?

— Por que estão aqui? Deixaram a vida de vocês em Los Angeles e vieram correndo até mim... Por quê? — Eu precisava de uma única resposta para voltar atrás.

— Você sabe muito bem — Gabriel respondeu sem me olhar.

— Não, eu não sei, me expliquem... Por que estão aqui? — Repeti dando um passo a frente.

— Têm noção no quanto nossas noites têm sido vazias e solitárias sem você? — Podia vê a emoção no rosto do moreno — Você era para ser apenas uma babá, Isadora, só isso, mas de algum jeito você ocupou um espaço enorme na nossa vida, nem sequer sabemos como viemos parar aqui!

— Nicoly foi um erro gigantesco, qualquer outra mulher que passou por nós foi uma mera distração, mas você não é... Você está em um patamar tão alto que é impossível te tirar de lá, apenas fique com a gente, tome conta de nossa vida, se aposse da nossa rotina, destrua nossos corações se quiser! Mas por favor, não vá embora.

— Sabe o quanto isso é problemático? Não deveríamos nos sentir assim, é estranho, as pessoas acham estranho — Eu só conseguia pensar em dezenas de formas de ser julgada, mas a realidade era que ao lado deles tudo parecia me levar ao caminho mais correto.

— E isso importa? Dane-se as pessoas, Isadora! Amamos você e ninguém vai mudar isso — As palavras foram como um tiro no peito.

Um silêncio vagou sobre nós três enquanto eu tentava digerir a frase que acabei de escutar. Meu coração estava por um fio.

— Meninos...

— Dora... Pode nos beijar agora? — Por Deus, como eu era fraca.


Gabriel me puxou pela cintura e foi o primeiro a colar nossos lábios, fiquei na ponta do pé para alcançar sua boca, não demorou muito para que o homem ao nosso lado fizesse o mesmo. Nem podia descrever a saudade que senti dessa sensação, eram essas malditas horas que ficar com eles parecia certo.

Não me preocupava onde estávamos, não me preocupava o frio gelado que corria por nós, não me preocupava nem com os carros que passavam ou a lua que presenciava tudo. Era exatamente por isso que precisava ficar longe, como eu podia dizer não a isso?

— Nos perdoe, deveríamos ter contado a verdade para você — O ruivo falou depois de pausar o beijo.

— Desculpa ter fugido — Minhas bochechas ficaram quentes e ele apenar riu e me puxou para mais um beijo.

— Tá tudo bem agora... Temos uma coisa para você — O moreno se afasto e colocou a mão no bolso.

Eu pensei que não poderia mais me surpreender com nada, mas o universo tinha um jeito estranho de nos matar do coração. Quase desmaiei naquele chão quando vi a caixinha de veludo na sua mão.

— Ai meu Deus — Sussurrei sentindo a felicidade explodir dentro de mim.

— Isadora Campbell...

— Vão me pedir em namoro!? — Atrapalhei sem conseguir controlar as emoções.

— Namoro? Eca, não — Gabi revirou os olhos — Você vai ser nossa esposa.

— Se você quiser, é claro — Dani complementou com mais educação.

— Não é muito cedo para... Bom, não têm importância, eu quero! Mil vezes sim! Nós vamos nos casar — Peguei minha aliança e coloquei no meu dedo rapidamente.

— Não era desse jeito que eu tinha imaginado, mas pode ser — Os dois colocaram o acessório de compromisso — Podemos, finalmente, ir para a casa?

Algumas batidas surgiram na porta e a voz da minha mãe roubou nossa atenção, o aviso atrás da porta sobre o jantar está pronto foi a única coisa que ela disse antes de se afastar. Olhei para os dois com um sorriso nos lábios.

— Acho que vocês vão ter que conhecer algumas pessoas antes de irem.

— Ah não, estou bem mais satisfeito em pular daqui do que encarar seu pai — Gabriel tentou dá um passo para trás mas eu não deixei.

— Nem pense nisso — Meu olhar sério pareceu ter sido aviso o suficiente.

Andei na frente deles e quando estava prestes a passar pela porta de saída Daniel me chamou, assim que olhei em seus olhos soube o que ele falaria.

— Isadora... — Ele não precisava repetir aquelas duas palavrinhas para eu saber do que se tratava.

— Eu sei — Abri um sorriso para os dois — Tambem amo vocês.

Nossa BabáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora