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ISADORA
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝



Eu só devia está completamente louca quando resolvi que era uma boa idéia desafiar meus chefes sobre correr melhor do que eles. Poderia começar refutando essa minha ideia com o fato de que eu sequer tinha uma alimentação boa e logo em seguida eu precisava falar sobre como era caótica em exercícios físicos mesmo fazendo aulas de dança.

Com certeza eu não era adequada para acompanhar o ritmo deles, mas pior ainda, eu havia acordado com uma dor absurdo no corpo, como se um caminhão tivesse passado por cima de mim diversas as vezes, nem iria falar sobre a dor de cabeça nas minhas têmporas que me faziam querer apagar toda a luz do mundo.

Tentei compensar minha respiração com a fraqueza nas pernas e escutei uma risada debochada ao meu lado. Em instantes Dani e Gabi estavam diminuindo sua velocidade para me acompanhar.

— Está tudo bem aí? — Entendi o tom irônico na voz do moreno.

— Claro que sim — Tentei mostrar confiança — Já estão querendo desistir?

— Estamos quase lá, se você não conseguir parar por mais um minuto vamos ter que assumir derrota — O ruivo debochou da minh cara.

— Não se preocupem, estou só deixando vocês pensarem que estão na frente.

— Quanta bondade no coração, se quiser podemos parar na pracinha.

— De jeito nenhum! Eu tô ótima.

Me obriguei a acelerar os passo e me segui firme na decisão de tentar ultrapassar eles. A derrota estava quase no limite de humilhação, seria um verdadeiro constrangimento se eu perdesse.

Eu queria pedir para que os meninos deixassem isso para outro dia, na verdade eu queria o dia todo de folga, mas havia feito essa provocação e agora ia até o fim. Assim que coloquei minha roupa de esporte e deixei, junto com eles, as crianças na creche, começamos nossa corrida de volta a casa e a única coisa que eu consegui pensar era em como devia enfiar meu orgulho no rabo e deixar de ser trouxa.

Senti meus pulmões implorarem por um pouco de água e aos poucos meus músculos da perna choraram por descanso, estava quase caindo naquele asfalto.

— Quer saber Isadora, — Gabi chegou perto de mim — Eu tô mesmo cansado, por que a gente não para um pouquinho para descansar?

— O que? Por que? Agora que eu tô começando a me aquecer — Tentei parecer convincente. Acho que estava conseguindo.

— Se quiser podemos continuar.

— Não! Quer dizer, vamos parar um pouquinho, por você, é claro — Ele abriu um sorriso e mudamos a nossa direção para a entrada da pracinha.

No bairro em que meus chefes moravam tinha segurança o suficiente para deixarem até mesmo uma criança sozinha na rua. As calçadas era enfeitadas de flores, a pista mal tinha lixo espalhado e os pontos turísticos eram mais um tipo de lazer para a família do que um luxo a parte.

Era o lugar perfeito para criar os filhos e viver em harmonia.

Encontrei o primeiro banco que pude visualizar e não esperei mais nenhum segundo para me sentar e puxar o ar que me escapou em toda essa corrida. Meu pés pediram por massagem no mesmo instante.

— Você tá bem? — Dani perguntou oferecendo sua garrafa de água. Não pude recusar.

— Tô sim, só o Gabi que preciso descansar um pouco.

— Pobre Gabi, não é mesmo? — O moreno falou com um sorriso em direção ao marido. Não me preocupei em interpretar aquilo.

Deixei que cada músculo do meu corpo se aliviasse e não me importei com o fato se praticamente está esparramada naquele banco de madeira. Meu corpo doía tanto que eu gostaria de chorar, até mesmo meu nariz ardia.

— Ah, Dora aproveitando o momento gostaríamos de conversar um pouco — Os dois se sentaram ao meu lado e eu rapidamente endireitei a postura.

— Fiz alguma coisa de errado? — A coisa parecia séria.

— Não, de maneira alguma — Meu corpo se aliviou — Primeiro, gostaríamos de nos desculpar pelo o que aconteceu ontem com a minha sogra, ela interpretou errado a situação.

— Sem problemas, eu nem lembrava disso — Meu rosto esquentou ainda mais.

Eu me lembrava sim, fui dormir pensando naquilo e acordei no mesmo estado. Como ela pode pensar aquilo? era quase impossível de acontecer.

— Também queríamos falar sobre outra coisa — Daniel me olhou com carinho — Estávamos pensando que poderíamos assinar os papéis de vez, quer dizer, te contratar oficialmente.

— O que!? — Senti surpresa invadir minha mente.

— Você teve um desempenho incrível com as crianças, passou no nosso teste de um mês e agora finalmente pode entrar nessa família com a gente.

— Ai meus Deus, obrigada!

Meu corpo pulou com aquilo e não pareceu má idéia abraçar o moreno naquele momento, mesmo que nossos corpos estivessem grudentos e suados. Me afastei dele e vi suas bochechas vermelhas, acho que me empolguei um pouquinho.

— Desculpa, foi só um impulso.

— Tudo bem — Ele pareceu tímido com aquilo.

— Poxa Isadora, eu não ganho abraço? — Gabi atrapalhou o momento tenso e reparei no sorriso do ruivo.

Da mesma maneira que fiz com o Dani eu ignorei a sujeira de nossos corpos e passei meus braços ao redor do seu pescoço, ele envolveu minha cintura com um aperto gentil mas ao mesmo tempo cheio de uma estranha possessão. Ignorei aquele sensação desconhecida.

Estava louca para contar isso para minha família. Melhor ainda, estava doida para comemorar isso com Amy e Luke, que provavelmente ficariam felizes com a notícia de que teriam minha presença por possíveis longos anos. Pelo menos era o que eu gostaria.

Meu corpo parecia está em êxtase, os meninos tinham confiado seus bens mais preciosos em minhas mãos e ainda por cima tinham se tornado bons amigos para mim.

Eu não sabia o que tinha tomado minhas energias, mas naquele momento eu me sentia tão estranha quanto deveria, meu corpo começou a fraquejar.

— Isadora, você tá bem? — Gabriel afastou um pouco meu corpo do seu mas não tirou suas mãos da minha cintura, as mãos que inclusive eram enormes na minha pele.

— Eu só tô bem feliz — Daniel se aproximou preocupado e a única coisa que pude fazer foi dá um último sorriso antes de um pesar estranho cobrir minhas pálpebras.

Meu corpo desmaiou nos braços de Gabi sem nem excitar.

Nossa BabáWhere stories live. Discover now