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•ISADORA•
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Eu poderia ser considerada a pessoa mais masoquista possível por simplesmente ter aceitado me agarrar com meus chefes no meio da cozinha depois de ouvir dezenas de ofensas. Era humilhante passar por isso.

O encontro com Ricardo tinha sido ótimo, ele me tratou com gentileza e foi muito educado o passeio todo, mas ainda assim não foi o bastante para me fazer esquecer as duas pragas que tinha em casa. No final de tudo eu acabei cedendo e beijei ele, não foi ruim, mas ainda assim não tinha sido o que eu queria.

Poderia ser considerada uma piranha sem vergonha por ter beijado os três em um curto período de tempo?

Olhei a mensagem no meu celular e pensei comigo mesma o que responderia. Havia acordado com uma mensagem de bom dia do Ricardo e não soube responder além de palavras vagas e sem emoção. Estava sendo uma grande babaca.

Escutei o barulho vindo do corredor e rapidamente arrumei minha postura, eles já estavam acordados.

Era domingo, o que significava que hoje tinha o dia livre para mim, geralmente eu costumava dormir por mais algumas horinhas, mas a insônia me deixou totalmente acordada.

Foi um grande sacrifício me livrar daquele dois em meio a tantos sentimentos amontoados, mas por um milagre divino eu tinha tirado a sensatez de algum lugar e fugi deles antes que as coisas ficassem sérias de mais. Os dois estavam tão agitados que eu não duvidava a coragem deles de fazerem coisas alí mesmo.

Confesso que não era das melhores em experiências sexuais, com certeza sabia bem menos que eles, mas mesmo assim sabia que não deveria fazer nada com as crianças em casa, eles não pareciam do tipo discretos e isso só se confirmou quando eu escutei cada detalhe do que aconteceu no quarto deles na noite anterior. Esses dois não tinha muita noção do quanto nossas paredes eram finas.

Respirei fundo e me preparei para uma seção de cenas sendo ignorada, no final meu maior medo era esse.

Os dois apareceram na porta da cozinha e segurei minhas respiração ao máximo que pude contendo todos os sentimentos que passavam por mim. As crianças pularam do colo deles e correram até mim rapidamente.

Dola! — Luke agarrou minhas pernas e Amy estendeu seus braços em minha direção pedindo que eu a pegasse.

— Bom dia, crianças — Me abaixei para ficar na mesma altura que elas. Os dois me abraçaram.

— Por que não colocou a gente para dormir ontem? — Amy fez um beicinho.

Quando eu estava prestes a responder o ruivo apareceu do meu lado e abriu um sorriso para mim.

— Isadora saiu com um amigo ontem, por isso ela abandonou vocês — Olhei para Gabriel como se quisesse matar ele.

— Não foi isso que aconteceu.

— Claro, explica para nossos filhos porquê não os colocou para dormir então — Daniel deu progresso as palavras do seu marido.

— Bom, a tia Dora estava de folga e saiu para se divertir um pouco — Podia sentir o corpo dos dois ficando tensos ao meu lado.

— Crianças vão para sala, vamos preparar o café de vocês — O moreno disse aos pequenos e eles logo correram até o outro cômodo.

Arrumei minha postura e respirei fundo, aparentemente tudo tinha voltado a paz de sempre, ou quase isso.

Quando eu estava prestes a virar senti um par de mãos me puxando pela cintura e colidindo a boca com a minha. Precisei raciocínar o beijo de Gabi enquanto ele fazia questão de me manter perto de mais, só consegui respirar por milésimos de segundos quando ele parou para dá espaço para seu marido.

Me afastei deles assim que toda a noção despertou em mim. Definitivamente eles não estavam mais me ignorando.

— Meninos! — Vi o sorrisinho dos dois — Não podem fazer isso com as crianças por perto.

— Elas estão longe o suficiente — Daniel justificou mas foi totalmente invalido.

— Nada disso, temos que ter algumas regras — Senti minhas bochechas esquentarem — Fiz algumas torradas para vocês e já passei o café.

— Preparou comida para gente, Isadora? — O tom do ruivo deu outro sentido.

— Fiz para mim e consequentemente sobrou para vocês, para as crianças sim eu preparei algo — O sorriso sínico foi a única coisa precisa para entender que ele interpretaria do seu próprio jeito.

Dani pegou a garrafa térmica e Gabi colocou uma torrada na boca. Era tão bom vê-los de um jeito despojado assim que me dava certa satisfação, grande parte de mim se sentia aliviada por tudo está bem.

Fui em direção aos materias de cozinha e peguei a bandeja de madeira para colocar a comida das crianças. Quando os meninos estavam em casa os quatro comiam na mesa de jantar.

Um som de aparelho tocando fez a atenção de todos irem até o celular na bancada da cozinha. Notei o número desconhecido que havia brilhado na tela do meu chefe.

Pensei que tudo estava certo até notar o desconforto entre os dois e a leve expressão de raiva do moreno, ele logo cancelou a chamada e soltou um palavrão baixinho.

— Está tudo bem? — Perguntei notando a mudança repentina dos dois.

— Sim, não se preocupe — O mesmo que parecia furioso a alguns segundos abriu um sorriso de lado para mim — Temos uma coisa para você na verdade.

— Para mim.

— Aham.

Dani sinalizou com a cabeça para seu marido que logo entendeu do que se tratava. Gabi foi até a outra bancada e pegou sua carteira de cima, em instantes um cartão estava em minha direção.

— O que é isso?

— Nosso cartão de débito.

— Desculpa, mas não entendi.

— Ontem, sem querer, Dani rasgou seu vestido, aqui tem o suficiente para comprar outro — Surpresa se instalou em mim.

— Não, de maneira alguma posso fazer isso.

— Claro que pode — Daniel se aproximou e apoiou seu corpo no armário — Considere um presente para gente, vá no shopping e compre algo bem bonito, vamos sair hoje.

— Meninos, isso é de mais, não podem confiar tanto em mim.

— Mas confiamos, por isso você vai comprar um vestido lindo, mais caro e de preferência que mostre bastante, igual aquela porcaria que usou para o idiota de ontem.

Tentei ignorar a forma como meu coração dava saltos quando notava possíveis sinais de ciúmes. Revirei os olhos e coloquei o pote com as frutinhas das crianças na bandeja.

— Não podem ficar ofendendo uma pessoa que vocês nem conhecem apenas por ataque de ciúmes, muito menos dizer que meu vestido era feio.

— Não é ataque de ciúmes, e aliás, não dissemos que o vestido era feio, só aquele ser que estragava tudo — Gabi se intrometeu fazendo expressões de nojo.

Tentei falar mais alguma coisa mas apenas pelas expressões deles já via que não tinha desculpas, era tão desconfortável usar algo que não era meu, mas não parecia haver muitas saídas. Será que eu era muito burra em reclamar por eles estarem me dando dinheiro de graça?

— Posso usar algo que já tenho no guarda-roupa.

— Isadora, só aceita a porcaria do cartão — Daniel colocou o cartão no bolso da minha calça, o mínimo toque da sua mão me fez querer saltitar — Compre o que quiser, no valor mais alto que tiver e se arrume para gente.

— Como sabem que não estarei ocupada?

— Você vai tá? — O ruivo perguntou pegando a bandeja na minha mão.

— Talvez.

— Esteja pronta as oito — Recebi um selinho roubado e os dois saíram com as comidas em mãos.

Como de alguns dias sendo ignorada, saí para beijinhos de despedidas com meus chefes? Eles dois ainda me deixariam louca.

Nossa BabáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora