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ISADORA
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝

Quando somos jovens fazemos besteiras o tempo todo, é surpreendente como podemos variar as tragédias da nossa vida, mas eu oficialmente tô me superando.

Sempre me considerei uma pessoa madura, quando era uma criança tinha responsabilidade de arrumar meus brinquedos no lugar, na adolescência sempre cumpri meus deveres com rapidez e era muito elogiada na escola e agora na fase adulta não era diferente, desde meu primeiro emprego mantive meus deveres acirrados, exceto por agora, tinha manchado meus histórico perfeito da pior forma.

As coisas estavam estranhas, depois que acordei na cama dos meus chefes presenciei um dos momentos mais vergonhosos da minha vida, e como se isso não fosse horrível o suficiente ainda tinha estragado a relação ótima com Dani e Gabi, como resolver uma coisa dessas?

Confesso que por muitas vezes me senti muito sozinha quando iniciei minha jornada adulta. Me afastei dos meus amigos de colégio, mudei de cidade, acabei diminuindo o contato com meus familiares e tudo isso causou uma solidão confortável e ao mesmo tempo detestável. Talvez fosse por isso que sempre me mantive em empregos ótimos, era comprometida com meu trabalho e não foi diferente dessa vez, a única coisa que mudava eram meus chefes que em em tão pouco tempo consegui criar um vínculo de amizade que se estendeu para algo a mais, algo que eu não sabia como chamar mas que parecia inapropriado de diversas formas.


Olhei para as crianças brincando e suspirei perdida em meus pensamentos, estava distraída como nunca. Eu com certeza perderia meu emprego.

Minha aparência estava diferente, não que eu tivesse mudado fisicamente, mas eu sabia que algo em meus olhos entregava minhas noites mal dormidas e o desconforto que sentia ao viver nessa casa, eu costumava adorar esse lugar antes de toda aquela tragédia. Prometi a mim mesma nunca mais encostar em uma bebida alcoólica depois disso.

Escutei os passos vindo do corredor e logo soube quem estava a caminho. Arrumei minha postura tentando ao máximo passar um ar de confiança, algo que eu não tinha a muito tempo.

Os dois entraram na cozinha e minhas expectativas foram quebradas de imediato ao perceber que eles sequer olharam para meu rosto. Isso era humilhante.

— Bom dia, meninos — Quebrei o silêncio que pesava o ambiente.

— Bom dia, Isadora — Dani foi o único que falou — Já estamos saindo então aproveite a rotina.

— Ah, esperem — Eles nem se forçaram a me olharem — Pensei em sair com as crianças hoje, Pepita falou que estava com saudades e imaginei que não teria problema em levá-los lá.

— Claro, fique a vontade — A resposta foi curta e grossa.

Onde estavam os chefes legais que eu adorava?

Gabi passou por mim e pegou uma maçã de dentro da fruteira que ficava em cima do balcão no canto. Seu cheiro foi a única coisa que consegui sentir com a aproximadada. E pensar que eu estava com aquele perfume maravilhoso durante meu sono a três dias atrás...

Os dois se despediram das crianças e me deixaram sozinha sem uma palavra de adeus, eles não comeram nada antes de sair pela porta da frente. Que ótimo, eu estava vivendo um grande karma.

Nossa BabáOnde as histórias ganham vida. Descobre agora