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ISADORA
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


Meus casos amorosos sempre tiveram términos pacíficos mesmo que fossem encaminhados para o fracasso. Quando tinha por volta de quinze anos tive meu primeiro namorado e com ele criei memórias bastante significativas, mas não deu certo. Meu próximo relacionamento, que chegou a ser considerado namoro, foi aos dezoito anos e novamente acabou em término. Resumindo, eu nunca me interessei o suficiente para lutar por alguém, nunca me senti a flor da pele com algum tipo de sentimento, mas dessa vez era diferente.

Quando conheci os meninos não tinha a intenção de gostar deles logo de cara, mas o tempo foi passando e o sentimento do proibido aumentando a ponto de eu passar por cima das minhas regras de ética e acabar me envolvendo com eles. Essa foi minha única loucura de paixão.

Eu pensei que estávamos em uma sintonia boa, pensei que nós três nos gostávamos a ponto de passar por desafios e de algum jeito fazer com que esse caso temporário desse certo. Estávamos assim, até aquele dia acontecer.

A mulher que apareceu nessa casa mostrava uma personalidade apenas no olhar verde como esmeralda. Os cabelos de um loiro perfeito, o corpo estilo modelo e até mesmo as roupas requintadas que deixava exposto sua elegância. Foi depois da visita daquela desconhecida que as coisas mudaram.

Eu não achava que ela estava com os meninos, eles nunca demonstraram estar com outras pessoas, mas de algum jeito eu soube que ela mexia com eles apenas no jeito que os dois pareciam magoados. Foi necessário ficar apenas alguns segundos no mesmo cômodo que eles para entender que aquela mulher era significativa e eu sabia que não estava a altura dela em muitos quesitos.

Os meninos estavam distantes, não me tratavam mal, muito pelo contrário, a educação deles ainda estava presente, mas agora éramos como três desconhecidos tentando se encontrar em uma casa. Isso me chateava de uma maneira que me fazia pensar apenas neles.

As crianças já estavam tirando seus cochilos da tarde e enquanto eu aproveitava um pouquinho a folga que teria por umas duas horinhas, escutava minha mãe dizer várias coisas ao mesmo tempo. Ela tinha tantos assuntos que era surpreendente.

≈ Você vai amar os presentes que comprei para você, têm cada roupa linda querida — Escutava o barulho de sacola sendo mexida — Conversei com sua irmã hoje, acredita que ela disse que estava ocupa de mais para falar com a própria mãe?!

≈ Mãe, você sabe que pode exagerar um pouquinho na conversa, minha irmã devia está ocupada com algo do trabalho — Dei um sorriso lembrando da morena que não via a tanto tempo.

≈ Mesmo assim eu me senti chateada, espero que ela tenha muitas horas para me escutar depois — Revirei os olhos e me espreguicei no sofá. Olhava a todo momento para a babá eletrônica que ficava no quarto das crianças — Agora falando do seu pai, eu tenho que dizer o quanto aquele homem precisa de uma namorada.

≈ Sabe que o papai é reservado de mais, ele gosta de estar sozinho.

≈ Ninguém gosta de ficar sozinho, Isadora... Assim que voltar para aquele lugar vou fazer questão de encontrar uma boa namorada para ele.

Meu pai e minha mãe sempre foram muito amigos um do outro e mesmo com o término os dois se mantinham íntimos. A relação só havia acabado porquê ambos tinham objetivos diferentes e assim que eu e minha irmã saímos de casa, os dois foram correr atrás de seus sonhos. Gostava da amizade que se mantinha entre eles.

Escutei o barulho da porta sendo aberta e meu coração saltou no mesmo instante. Já sabia que estava chegando.

≈ Mamãe, amanhã a gente se fala, a senhora poderá me contar tudo que aconteceu.

≈ O que? Isadora não ouse desligar esse celular, juro que queimo os vestidos lindo que fiz para... — Apertei no grande botão vermelho. Kelly era bem mais dramática do que o normal.

Escutei passos vindo em direção ao cômodo e assim que as duas figuras apareceram na sala notei suas aparências abatidas. Os meninos abriram um sorriso que não chegou até os olhos.

— Dora, nós vamos dormir um pouquinho, se importa de conversarmos depois? — Daniel pareceu advinhar o que eu queria fazer.

— De jeito nenhum, podem ficar a vontade, mas antes de tudo, será que eu posso dizer uma coisinha? — Eles me olharam curiosos — Amanhã pensei em irmos até o bar da Pepita, se não for atrapalhar nenhum dos dois.

— Amanhã? — Os dois se olharam — Tudo bem, amanhã podemos sair — Gabi respondeu fazendo que um pouco de felicidade caísse sobre mim.

Eu não sabia o que acontecia dentro do meu coração, mas sabia que os dois valiam a pena, ou pelo menos era isso que minha cabeça apaixonada dizia. Queria lutar um pouco por eles.

DANIEL
𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝 𓆟 𓆞 𓆝


A raiva, culpa e tristeza era um amontoado de sentimentos que se instalava no meu peito e tudo isso se devia ao fato a nossa grande burrice de algum dia já ter enfiado o pau em Nicoly.

Foi necessário ter uma grande conversa entre eu e meu marido para entendermos bem o que faríamos e no final chegamos a conclusão de que só estávamos fodidos mesmo. Nicoly ter ficado grávida e ter escondido de nós por tanto tempo foi uma grande idiotice, mas jamais nos perdoariamos se deixássemos a oportunidade de descobrir escapar de nossas mãos. Se de algum jeito o teste dá positivo vamos ter uma grande dor de cabeça para enfrentarmos.

Nós dois saímos da sala dando de cara com a loira que parecia tão ansiosa quanto a gente. Suas roupas pareciam bem mais espalhafatosas para um lugar como esse.

— Já demos tudo que precisava para o médico, em alguns dias o resultado chegará — Avisei pronto para ir embora — Uma cópia será estregue em suas mãos no mesmo dia que a gente, esteja preparada.

Claro que a escolha do médico e clínica era toda nossa. Não confiávamos em Nicoly o suficiente para essa tomada de decisão, a mulher aceitou sem protesto.

— Meninos, esperem — Olhamos para ela — Obrigada por isso, vocês não fazem idéia de como ele vai ficar feliz em saber qual dos dois é o pai.

— Você ainda não sabe se o filho é de um de nós — Gabriel respondeu de forma afiada.

— Mesmo assim já vão me deixar bem mais aliviada por terem me dado algum tipo de certeza e se por algum acaso ele for...

— Quando o resultado sair nós conversamos, Nicoly — Tentei encerrar o assunto mas passos rápidos vieram do corredor.

Um menino de cabelos loiros e por faixa dos seis anos correu em direção a mulher e agarrou a cintura dela fortemente. Ele pareceu feliz em vê-la.

— Querido, o que está fazendo aqui?

— A tia Vi não queria me deixar sair do carro, por isso eu fugi dela — Ele olhou para nós dois — Quem é esses dois, mamãe?

As palavras bateram contra nós mas eu podia sentir que nem eu e nem meu marido estávamos preparados para isso. Observamos a criança que tinha uma aparência idêntica a Nicoly. Senti meu coração descompensar.

Pensei que o pior momento da minha vida tinha acontecido quando recebi a notícia que Nicoly tinha ficado grávida, mas vê a criança que ela deu vida era arrebatador. O menino sorriu para nós dois.

Nossa BabáWhere stories live. Discover now