Capítulo 3 - Contigo no tengo medida

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Martín observava Luciano andar pelo quarto, e só conseguia pensar que o brasileiro realmente não estava bem. O argentino também chegava à conclusão de que Brasil, seu maior rival no futebol, era mesmo mais forte do que qualquer outro oponente que já tinha passado por seu caminho, porque Luciano disfarçava de um modo quase perfeito a aflição que sentia.

Um controle emocional que ele parecia estar perdendo justamente quando se tratava do futebol.

O argentino assim pensava porque era como se Luciano estivesse tentando (ênfase no "tentando") ir devagar com ele naquele momento. Já era a segunda vez na noite que o brasileiro se soltava do corpo de Martín, algo que ele não fazia uma vez que conseguisse colocar suas garras lascivas no argentino.

Martín recostou-se numa cômoda de madeira velha próxima à porta, enquanto Luciano mexia num aparelho de som que provavelmente era da década passada, escolhendo calmamente uma das playlists já prontas do pendrive que estava aleatoriamente jogado ali.

O corpo de Martín reclamava mais do que o argentino gostaria de admitir. Reclamava porque queria grudar-se ao de Luciano e não se soltar mais. Reclamava porque a mente de Martín era contrária àquelas reações depravadas e puramente físicas.

Os pensamentos e as sensações de Martín se esvaíram quando um batidão saiu sem aviso da única caixa de som do lugar – um funk tipicamente brasileiro começava a tocar, recheado com uma letra que falava sobre "foda violenta" e "gostar de sentar".

Tão, tão vulgar...

— Sério mesmo, Luciano? Não tem nada mais... Suave pra tocar?

O brasileiro abriu sem interesse a porta do pequeno frigobar ao lado da mesa na qual estava a caixa de som, e pegou uma garrafa grande de cerveja, sem se preocupar em olhar a marca escrita no rótulo.

— Por que eu colocaria algo suave, se não tô no clima pra nada suave?

— E é exatamente por isso que você é mundialmente conhecido por todas as coisas e motivos errados. Se se preocupasse em ter uma cultura mais refinada...

— Aaaah, meu querido, na-na-ni-na-não. Tu não vai vir na minha casa, falar merda da minha cultura não – Luciano balançava um dedo em negativo para Martín, sem realmente demonstrar estar irritado com a conversa. O brasileiro foi em direção à cama ("Velha, tudo nesse lugar é velho!") de casal e sentou-se confortavelmente de frente para o argentino.

— Só estou dizendo que seria bom se você se preocupasse em consumir coisas mais sofisticadas.

— E quer coisa mais sofisticada do que você pra eu consumir?

Luciano piscou um olho provocante para Martín, enquanto abria a garrafa de cerveja com os dentes e dava uma golada sem se demorar.

— Você realmente não devia beber mais, acho que já passou dos limites – Martín disse, ignorando o comentário do brasileiro.

— Tire a roupa aí pra mim, e eu paro de beber.

Martín revirou os olhos, enquanto Luciano sorria dando mais uma golada na cerveja.

— Eu não vou fazer isso – o Argentina cruzou os braços.

— Tu vai fazer isso de um jeito ou de outro. Então se não quer que eu termine essa cerveja em cinco segundos, tire a roupa. Vamos, ó, veja como é fácil – Luciano colocou a garrafa no chão e se levantou.

Da forma mais humanamente natural possível, o brasileiro retirou a camiseta preta e, logo em seguida, a calça jeans que usava, ficando só com o colar dourado em seu peito e de cueca boxer também preta.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora