Capítulo 39 - Eu vou te fazer lembrar que a gente não deu tão errado assim

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Certa vez, Martín se impressionou com a capacidade cognitiva de Luciano quando o moreno disse, num belíssimo uso de figura de linguagem, que o argentino sabia como reconhecer e desenhar o mapa do sexo dos dois, mas era o brasileiro quem tinha o conhecimento prático de como desbravar as rotas dos diálogos quentes que aqueles dois corpos masculinos compartilhavam nos momentos de luxúria.

Essa não-tão-atípica visão poética que o moreno tinha do sexo saiu de seus lábios porque Martín (sem pensar muito porque por dez anos ele pensava demais no jeito com que as coisas sexuais aconteciam entre eles) revelou que notava existir, de um modo geral, momentos bem delineados quando os dois se abraçavam para se perder um no outro durante a noite.

Aquele momento de início era quando Luciano se enfiava dentro de Martín num ritmo devagar, apesar de certeiro. Era como se o brasileiro quisesse se certificar sobre não estar machucando o argentino mais do que o loiro gostava; agindo, também, como se quisesse reconhecer aos poucos o espaço dentro de Martín que ele parecia sentir mais falta do que qualquer outra coisa.

Independente de quanto tempo eles ficavam sem essa conexão tão intimamente carnal – se meses, se semanas, se dias, se horas, Luciano sempre entrava em Martín como se quisesse dizer-lhe que as saudades eram gritantes.

— Aaah, caralho... – a voz grave e arrastada do moreno pareceu alta aos ouvidos sensíveis de Martín. — Tem o quê, três dias, cariño? E parece que é a primeira vez, Martín, tu realmente tem um cu apertado demais pro bem do meu pau...

Luciano continuava segurando com firmeza o braço de Martín às costas do argentino, a outra mão morena equilibrando a cintura do homem parcialmente estirado sobre a mesa enquanto entrava e saía de dentro dele como se tivesse todo o tempo do mundo.

— Eu consigo te sentir tão bem aqui dentro, meu amor, tão bem... Tua pele tá se grudando no meu pau, tu sente isso também? Aqui, assim... – Luciano movimentou seu quadril contra a abertura de Martín que invadia, num movimento mais forte para indicar o nível da fricção que ele mencionava. — Tu quer que eu te molhe mais um pouquinho? Te conhecendo e sabendo da putinha masoquista que tu é, tu não vai-

N-no... Não precisa... – Martín virou o rosto que continuava escondido em seu braço livre e dobrado em cima da mesa, olhando pra trás na direção de parte da face de Luciano que conseguia enxergar naquele meio campo de visão. — Só faça... como siempre lo haces...

O brasileiro deslizou a mão que estava na cintura de Martín pelas costas do argentino, levantando a camiseta que o loiro ainda usava e expondo sua pele.

Finalmente soltando o braço de Martín que permanecia dobrando e controlando dolorosamente, Luciano esfregou as costas dele com as duas mãos, subindo e descendo primeiro numa carícia afável, depois usando um pouco das unhas e gradativamente aumentando a pressão para marcar toda aquela região do argentino, sem parar por um segundo sequer de movimentar o próprio pau pra dentro e pra fora de Martín.

O loiro sempre tinha vontade de xingá-lo em determinados pontos daqueles momentos, porque ele sentia uma genuína revolta sobre o quão excepcional Luciano era no que sexualmente fazia.

Até então, o argentino achava que essa revolta era motivada única e exclusivamente pelo fato de que paralela à expertise sexual de Luciano, era a intensidade e o descontrole com que Martín se entregava àquele brasileiro por causa disso.

Mas naquele instante, uma dúvida pairou novamente no cérebro de Martín, rapidamente afastada pelas sensações extasiantes que o brasileiro lhe causava. Uma dúvida sobre o porquê de ele sentir-se revoltado com o fato de aquele moreno saber demais sobre sexo.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now