Capítulo 60 - Te cuido num canto sagrado

3K 184 468
                                    


A língua de Martín deixava um rastro de saliva pela perna de Luciano enquanto o argentino subia os lábios, lentamente, do pé do brasileiro por toda a extensão da pele morena que lhe era oferecida.

Naquele instante, um pensamento inédito permeava a mente do argentino, um sobre a possibilidade de que talvez o loiro se sentisse, na realidade, bastante excitado com a ideia de ser um verdadeiro hipócrita.

O pensamento o acusava friamente dessa hipocrisia, e o fazia rir por dentro ao mesmo tempo – ria porque sabia que, naquelas circunstâncias, nenhum dos dois homens poderia negar que um era tão mais fiel e submisso ao outro como os cachorros eram aos seus donos.

Ou, no caso de Martín e aos olhos de Luciano, como uma cadela o era.

A hipocrisia de sentir-se falsamente ofendido como se esse tipo de constatação fosse um insulto e, simultaneamente, sentir o próprio pênis endurecer de tesão ao roçá-lo na perna de Luciano na qual ele se abraçava e se esfregava feito uma verdadeira cadelinha no cio, denunciava realidades a Martín.

Denunciava mais destes fatos incontestáveis, sobre quem ele realmente era e sobre o que ele realmente gostava.

Mais fatos do que ele, até então, teria admitido ser verdade; ainda que essa verdade – que essa realidade de ser o que se é – já vivesse das migalhas que o próprio argentino lhe dava.

Martín beijou demoradamente o joelho de Luciano quando sua boca o alcançou, de olhos fechados, abrindo-os devagar apenas para encarar diretamente as moções que uma mão do moreno fazia no avantajado pênis do brasileiro, subindo e descendo também lenta, numa masturbação que mais se assemelhava à uma carícia afetiva.

Luciano usou a outra mão para afagar os cabelos loiros do homem sentado em seu pé e que se esfregava agarrado à sua perna, segurando com firmeza um punhado daqueles fios dourados.

O sadismo feito da mais pura satisfação, no sorriso do brasileiro, tomava uma forma palpável em seus lábios.

Martín esticou o rosto na direção do pênis ereto, mas a mão de Luciano em seus cabelos o impediu de se aproximar.

— Olha só, Martín... Mais provas do que eu te disse agorinha – Luciano falou baixo, semi-ameaçador, com os olhos vidrados nos de Martín. — Um macho todo putinha desses, que até baba por causa de um pau, com os olhinhos brilhando de vontade de se engasgar numa pica grande e grossa, com medo de homofóbico...? Como é que tu me explica isso?

Da mesma forma que o sadismo no sorriso de Luciano era quase tocável no ar, Martín sentia a excitação de seus olhos também se sobressair de suas írises, como súplicas que imploravam para que os dedos do moreno envoltos naquele pênis de tamanho desmedido fossem trocados pelos lábios do loiro.

Lábios estes que Martín lambia sem parar, sem ao menos perceber que o fazia.

Luciano riu da visão que tinha, olhando para baixo na direção do argentino e numa demonstração impiedosa de prazer.

— Eu... posso...? – Martín pediu também baixinho, levantando uma das mãos que usava para se agarrar à batata da perna de Luciano, querendo levá-la intencionalmente até o membro do brasileiro.

— Não, não pode – Luciano respondeu com naturalidade, soltando um pouco da força que usava nos cabelos do argentino, para acariciá-los em seguida como se Martín fosse um menino a quem lhe era negado um doce. — Maaas... Se tu me confirmar umas coisinhas aí... Quem sabe eu te deixo dar um beijinho nele? Hum? O que acha?

O jeito com que Martín balançou rapidamente a cabeça para dizer que sim, que confirmaria o que quer que Luciano desejasse, fez o brasileiro soltar um novo risinho, num claro contentamento nascido de toda aquela dinâmica de dominação e submissão que se desenvolvia em estranho tom de cotidianidade – porque, de certa forma, assim sempre fora nas entrelinhas.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now