Capítulo 17 - Te guardo un poquito de fe para abrir los ojos y verte

4.1K 389 842
                                    


— Da última vez em que conferi, nós não tínhamos nenhum tipo de compromisso pra tu me cobrar sobre quem eu "como com os olhos". Ou eu perdi alguma parte importante do nosso desenvolvimento que nunca sai do lugar porque tu nunca quer?

Luciano sentou-se raivosamente na cama do quarto, sem camisa e com o zíper da calça aberto. Martín permaneceu em pé próximo à porta, de braços cruzados, encarando o brasileiro.

— Pois eu te digo o mesmo. Não temos nenhum tipo de relacionamento solidificado pra você querer impor com quem eu converso ou deixo de conversar.

— Eu imponho o que eu quiser aqui, Martín, tá doido achando que tu vai me impedir, é?

— Oooh, mas como é maduro!

Os dois homens se encararam por um tempo, claramente nervosos.

Martín se dirigiu até uma poltrona ornamentalmente grande e um pouco distante da cama, que estava posicionada numa parte mais central daquela enorme suíte.

O argentino sentou-se suspirando primeiro, seguido de um suspiro igualmente natural de Luciano.

— Eu sempre julguei que não precisávamos impor nada aqui. Durante todos esses anos fizemos funcionar sem nenhum tipo de cobrança. Você é quem sempre começa com essas crises de imposições e de ciúmes completamente aleatórias.

— O que é que fizemos funcionar? – Luciano esticou o tronco pra frente, apoiando os cotovelos nas coxas, cruzando as mãos e encarando Martín com seriedade.

— Isso aqui – o argentino gesticulou entre ele mesmo e o moreno que o olhava.

— O que é "isso aqui"?

— Luciano...

— Tu realmente não me venha falar o que eu posso ou não querer exigir quando "isso aqui" não tem nem nome. Se eu quiser, eu exijo tudo, ou simplesmente não exijo nada.

Martín desviou o olhar do rosto do brasileiro, sabendo perfeitamente bem que se não conseguisse controlar naquele instante o que saía das bocas de ambos, a discussão tomaria rumos que ele definitivamente não queria.

— Eu não falei da moça por maldade. Não tive a intenção de querer impor a você qualquer regra sobre quem desperta o seu interesse. Minha resposta foi apenas por conta da sua agressividade, não quis te ofender.

Luciano ainda encarava Martín, rindo secamente.

— Já eu falei do moleque por maldade mesmo. Não volto atrás no que disse. Só deixa ele tentar se engraçar pro teu lado.

— Isso não é justo, Luciano.

— Comigo? Não é mesmo.

— Com nós dois. Você sabe muito bem que esse tipo de comportamento apenas tira a paz da liberdade que mantemos nesse relacionamento.

— E quem disse que eu quero ser livre, Martín?

O argentino tinha acabado de voltar os olhos para o rosto de Luciano, quando percebeu que não adiantaria mais tentar evitar que aquela discussão fosse exatamente para o caminho que o loiro queria evitar.

— Não chame "isso aqui" de relacionamento se tu não quiser me ofender de verdade – Luciano complementou.

Foi Martín quem soltou algo semelhante à uma risada seca dessa vez.

— Qual é o seu problema, boludo de mierda?

— Meu problema é um loiro safado e covarde que paga de culto e inteligente, mas adora se fazer de desentendido quando é colocado contra a parede.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now