Capítulo 45 - E era amor a nossa confusão, desde a primeira vez

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"Essa definitivamente é a primeira vez em que a palavra 'fofo' aparece na minha cabeça como a melhor possível pra descrever este homem..."

Martín olhava para Luciano enquanto o brasileiro devorava seu segundo sanduíche natural. O moreno, sentado na enorme toalha estirada em cima da areia da praia, balançava o corpo de um lado para o outro, não escondendo a felicidade óbvia que sentia por finalmente conseguir ingerir algo diferente de líquidos ou sopas de legumes (amassados por Martín para que pudessem descer pela garganta inflamada de Luciano).

Quando o brasileiro quis comer seu terceiro sanduíche, Martín o alertou de que o estômago do moreno provavelmente não aguentaria tanta comida sólida de uma vez em tão pouco tempo, insistindo para que Luciano tomasse mais um pouco do suco que o argentino tinha-lhe preparado.

Neste exato momento, "Que fofo..." apareceu novamente na cabeça de Martín, enquanto ele observava Luciano fazer bico de birra e emburrar-se porque queria se empanturrar como se não houvesse o amanhã.

— Tu realmente vai ser uma ótima mãe, cariño – Luciano disse, limpando os lábios com um guardanapo.

— Eu preciso mesmo discursar aqui sobre todos os motivos que tornam essa sua fala extremamente problemática, ou que apontam para o fato de que eu definitivamente não vou ser uma ótima mãe? Só tenho razão óbvia e sensata pra isso – Martín revirou os olhos, sorrindo um pouco para demonstrar que não tinha intenção de realmente transformar aquela brincadeira do brasileiro numa discussão qualquer.

— Só tô dizendo que de nós dois, tu vai ser o que impõe regras e limites pra nossa filha.

— Claro, porque mães são as verdadeiras responsáveis numa relação familiar. E digo isso sem ironia alguma – Martín o olhou de relance enquanto guardava alguns utensílios de comida usados pelo brasileiro. — E você será o que vai estragar a educação dela que eu tanto vou me esforçar pra dar?

Luciano pausou no ar a mão que segurava a garrafinha de suco que ele levava mais uma vez até os lábios.

Olhou para o rosto de Martín, a boca entreaberta em surpresa.

— Então tu tá me falando que quer mesmo ter uma filha comigo? – o brasileiro perguntou, com menos sarcasmo do que o ideal para aquela conversa.

— Eu dificilmente diria que ter filhos está nos meus planos de qualquer forma... Te lo dije, no? Que não é algo que ficou na minha cabeça, depois daquele dia...

— Eu sei, meu amor – Luciano sorriu para amenizar o tom de aflição na voz de Martín. — Mas acho que é a primeira vez que tu se deixa envolver e se inclui nas minhas brincadeiras assim. Gostei disso.

O argentino colocou as sacolas que carregou até ali num ponto mais distante da toalha, ajeitando-se para que pudesse se sentar mais próximo e mais à frente de Luciano.

— Você realmente quer muito ter filhos, não é? – o loiro questionou o outro homem.

— Tu acha que eu 'tava só brincando nesse tempo todo sobre isso?

— Não, não – Martín respondeu com sinceridade. — Mas é que esse tema tem se tornado um assunto mais recorrente dentro das suas brincadeiras. Me faz pensar que é de fato uma prioridade pra você.

— Eu te disse que era um dos meus sonhos, e não foi da boca pra fora, bebê – Luciano fechou a garrafinha de suco que ainda tomava, dando um último gole no líquido que permanecia em sua boca, e fazendo uma careta que Martín julgou ter sido provocada pela quantidade da bebida que descia de uma vez na garganta ainda inflamada do brasileiro. — Sabe... Querer ter uma família foi um dos motivos que me fez querer ter uma fortuna. Eu tô seguindo teus passos e me desfazendo do dinheiro acumulado demais. Mas eu quero mesmo que me sobre o suficiente pra que eu consiga dar uma vida de luxo pra minha menininha. Quando chegar a hora.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora