Capítulo 52 - Teu amor, meu amor, incendeia

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A sensação de certos pesos em seu corpo, que sempre acometia Martín nas manhãs seguintes às noites demasiadamente quentes passadas ao lado de Luciano, era uma das favoritas do argentino.

Martín chegava a essa conclusão quando despertou, seu relógio biológico instintivamente apontando que ainda não eram nem cinco horas da manhã. Sentiu a cabeça um pouco pesada porque estava ironicamente leve demais, quase como se Martín não conseguisse colocá-la no lugar, ainda preso ao prazer da noite passada.

As pequenas dores provenientes de todo o esforço físico-sexual formavam uma pressão conjunta pelo corpo do argentino, causando-lhe a impressão de que ele ainda recebia os apertos e abraços do grande moreno – que, inclusive, contribuía com essa sensação de peso do jeito que Martín mais gostava, quando ele sentiu que o braço de Luciano o prendia pela cintura, pesado demais porque o moreno seguia dormindo sonoramente.

Martín encarou o teto em silêncio por alguns minutos, decidindo se levantar logo em seguida antes que a típica vergonha pelas atitudes tomadas sob o efeito da libertinagem o constrangesse de forma exagerada em sua mente.

Moveu-se devagar na cama, tomando todo o cuidado para não acordar Luciano; mas, à mínima menção de que ia tirar o braço do moreno de cima de seu abdômen, o brasileiro semiabriu os olhos.

— Durma mais, Luciano – Martín sussurrou quando o outro homem gemeu ao tentar falar alguma coisa, aéreo em sonolência. — Eu vou tomar um banho, preciso de um urgentemente.

— Eu vou contigo – Luciano respondeu com dificuldade, a voz grave e rouca de sono.

— Não, por favor, fique aqui. Ainda nem amanheceu direito, só... Durma mais um pouco, ? Seu corpo precisa descansar. Vou tomar meu banho lá em cima, e trago uma troca de roupas pra você, pra quando acordar mais tarde, ok? Você me encontra lá depois.

Luciano gemeu de novo, levantando um pouco a cabeça do travesseiro como se quisesse olhar melhor para Martín, apesar de os olhos negros seguirem quase fechados de adormecimento.

Só quando o argentino se inclinou para que pudesse beijar a testa do brasileiro e acariciar-lhe os cabelos totalmente bagunçados é que Luciano se deu por vencido, voltando a deitar-se pesadamente contra o travesseiro, e gemendo uma terceira vez enquanto se permitia fechar os olhos e dormir de novo.

Martín permaneceu alguns minutos brincando com os cachos de Luciano até escutar o quase inaudível ronco do moreno para que pudesse, enfim, se levantar e sair do quarto, deixando o outro homem descansando tranquilamente.

O argentino sentia-se querer lutar contra uma invasão repentina de pensamentos, uma do tipo que ele não notava acontecer nas últimas semanas – porque ele estava, em verdade, fingindo que nenhuma voz aleatória sequer existia dentro de sua mente.

Mas algo parecia distinto de como as coisas geralmente aconteciam nesses momentos. Parecia diferente de como Martín sempre se perdia em conjecturas que não serviam para nada além de fazê-lo se afastar do que quer que pudesse significar-lhe problema.

Era como se a luta contra o ato de pensar demais ocorresse, naquele instante, de forma natural. Menos dolorosa.

Martín tomou um banho demorado, limpando de seu corpo os resquícios da noite anterior, enquanto respondia à sua própria mente que o acusava de estar indo rápido demais com o desenvolvimento daquela relação – que agora tinha um nome bem definido.

"Dez anos depois, e você acha que um namoro vai dar certo agora? Justo agora que vocês estão tão mais distantes um do outro?", a voz perguntou.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now