Capítulo 16 - Mas acho que quem caberia bem melhor sou eu

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A primeira coisa na qual Martín pensou quando ele e Luciano finalmente alcançaram a parte mais central daquela Ilha, foi que todo o dinheiro gasto pelo brasileiro realmente valeria à pena.

O lugar pareceu saído magicamente de um conto de fadas no instante em que eles colocaram o pé no pequeno porto construído para receber os navios de chegada até lá. A Ilha tinha um formato redondo quase perfeito (com apenas algumas ramificações de terra) pelo o que Martín vira num mapa, mas que nem na imaginação do argentino ele seria capaz de mensurá-la em seu tamanho real.

Martín e Luciano foram recepcionados por um extremamente simpático guia, já na casa de seus prováveis setenta anos de idade, que se apresentou como Samak e os avisou de que ele seria o responsável pela estadia dos rapazes durante aquele mês.

Samak dirigiu a caminhonete que os levou pelos caminhos relativamente confusos mais adentro da Ilha. O guia explicava a todo instante como tudo funcionava no lugar, expondo-lhes regras e formas de se conduzirem para ter exatamente o que precisavam ali.

A Ilha era aparentemente fragmentada em pequenos setores, e cada um deles praticamente continha uma região praiana particular para os visitantes individuais. Nestes setores, os hóspedes encontrariam uma grande pousada unicamente pra eles, também poderiam desfrutrar de parte da natureza que o lugar dispunha de forma individualizada, bem como bares e restaurantes que eram divididos com no máximo dois setores por vez, evitando assim que hóspedes desconhecidos tivessem que compartilhar minimamente o local.

Tudo era programado, naquela Ilha, para proporcionar o melhor do espaço e privacidade para quem ali ficava. Samak explicava que não era uma Ilha povoada por ninguém além de sua família, nem mesmo era tida como atração turística porque a entrada livre era proibida.

O velho, com uma agradável voz que carregava décadas de experiência de vida, os contou que a família dele herdou a responsabilidade de cuidar daquele pequeno pedaço isolado da selvageria da vida moderna, e que atualmente eles moravam num dos setores mais afastados da região, quase na ponta da Ilha.

Mas, numa intenção de acalmá-los, Samak os certificou de que todos os seus familiares eram apenas trabalhadores do lugar, e que para além dos serviços de rotina, praticamente não eram vistos pelos hóspedes, apesar de estarem totalmente à disposição dos visitantes.

— Como recebemos poucos visitantes por mês, nós designamos alguns secretários particulares para atendê-los quando for preciso – Samak falava, num tom suave e num inglês bom o suficiente para que ele fosse compreendido com clareza. — Eu pessoalmente escolhi pra vocês dois dos meus netos, que também são jovens e os atenderão a qualquer hora do dia.

— Eles ficarão a postos no nosso setor? – Luciano perguntou, e Martín achou-o ligeiramente ríspido na pergunta.

— Só se os Senhores quiserem. – Samak respondeu, ignorando a rispidez do brasileiro.

— Muito obrigado, Senhor Samak – Martín interviu antes que Luciano demonstrasse sua falta de educação mais uma vez. — Creio que nós temos a liberdade de instruir ao pessoal que trabalha aqui a melhor forma para nos atender, correto?

— Correto. É só os Senhores falarem o que querem deles, e aonde os querem, e eles seguirão suas ordens.

Martín sorriu na direção do retrovisor, um sorriso sincero e correspondido por Samak.

Virou o rosto em seguida e encarou Luciano com reprovação. O brasileiro deu de ombros.

A caminhonete deu algumas voltas por pequenas estradinhas rodeadas de árvores e grandes sobrados que pareciam se misturar. Não eram caminhos necessariamente asfaltados, mas também não eram feitos de areia pura, passando pelo o que os dois estrangeiros julgaram como sendo alguns dos setores disponíveis na Ilha.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now