Capítulo 38 - Como te sentías, como te movias, como me tocabas

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— Você sabe que... completaremos um ano e três meses sem você me dar a chance de ter seu gosto jogado diretamente na minha boca?

Martín falava enquanto se sentia demasiadamente confortável sentado seminu no colo de Luciano, esfregando com leveza sua própria excitação contra a do brasileiro – que, por sua vez, estava muito mais do que confortável enquanto atiçava a entrada do argentino com dedos embebidos de lubrificante.

Os dois homens pareciam dividir um outro nível de intimidade, um que Martín não poderia prever que seria alcançado de modo tão natural e inesperado como acontecia naqueles dias.

Não era como se Luciano já não tivesse visto coisas demais ("Demais!") do loiro, do corpo de Martín. Coisas que o argentino dificilmente consideraria como admissíveis de serem vistas se não num momento de intimidade.

Mas Martín sempre se envergonhava antes, durante e depois de tudo feito, de tudo sentido – a vergonha vinha, em intensidades diferentes (às vezes quase inotável, às vezes avassaladora) conforme os atos eram também diferentemente praticados pelos dois homens quando estavam sozinhos.

Só que naquele instante – sentado no colo de Luciano, com seu pênis livremente roçante no do moreno, e com um (quase dois) dedo do brasileiro entrando e saindo de dentro do corpo do argentino, Martín não sentia vergonha alguma.

Sentia apenas o mais puro conforto.

Tão confortável que se via tomado de coragem para pedir que Luciano, como o brasileiro bem diria, "o alimentasse diretamente da fonte".

O moreno o olhou com um costumeiro sorriso sarcástico.

— Se eu entendi mesmo o que tu tá falando, eu não diria que tu ficou esse tempo todo sem sentir meu gosto... Na banheira uns dias atrás, qué tal? E ano passado mesmo, quando a gente se encontrou em abril, eu me lembro de enfiar meus dedos sujos de porra bem no fundo da tua... Não, peraí, peraí, peraí... – Luciano interrompeu a própria fala, parando também de mexer os dedos na região mais escusa de Martín e que faziam o argentino gemer baixinho. — Tu tá contando quanto tempo faz que tu não chupa meu pau?!

Martín esperou que a vergonha o acometesse, mas só o que ele sentiu vontade de fazer foi admitir, de um modo extremamente natural, que ele calculava e guardava mentalmente tudo – o tempo passado, as brincadeiras e fetiches realizados ou não, as recusas de um e de outro, os pedidos de ambos também – o que dizia respeito à intimidade dos dois.

— Acho que é bom eu contar até mesmo pra minha saúde, preciso prestar atenção nas coisas que fazemos... Considerando que você pode exagerar... – o argentino disse, tentando segurar um sorriso pela terrível desculpa usada para justificar sua mania.

— É mesmo, é, neném? E vem cá então... Quanto tempo tem que tu não me deixa te comer olhando nesses teus olhinhos azuis? Hum?

Os dedos do moreno voltaram a se movimentar ritmicamente dentro de Martín, numa ação óbvia para acostumar o argentino ao que provavelmente estava por vir.

— Três dias atrás você esteve dentro de mim... enquanto olhava nos meus... olhos... – Martín gemeu, malicioso.

— Não, cariño... Eu pergunto sobre estar deitado por cima de você, e meter fundo enquanto tu não desgruda teu olhar de mim... A clássica posição de missionário, meu lindo. Quanto tempo tem que tu não deixa? – o sorriso sarcástico e de lado continuava estampando o rosto de Luciano, vitorioso. — Ou tu acha que eu não percebo que tu não me deixa te pegar desse jeito?

— Eu já te expliquei...

— Sim, sim, algo sobre ser uma posição íntima demais pra duas pessoas que não namoram, correto? Uhum... Mas essa situação mudou agora... – Luciano sorriu um pouco mais quando Martín levantou as sobrancelhas e entreabriu os lábios em surpresa aos dedos do moreno que se apartaram levemente dentro dele.

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Where stories live. Discover now