07 • Observar melhor

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Fecho as pálpebras outra vez, na tentativa de eliminar qualquer lembrança ruim

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Fecho as pálpebras outra vez, na tentativa de eliminar qualquer lembrança ruim.

" Pode confiar em mim. "

" Sou seu amigo. "

" Sou seu irmão. "

" Sou seu pai. "

" Apenas quero te conhecer melhor . "

Esses pensamentos rodeiam minha mente e era impossível desviá-los.

O passado aos poucos destruía meu presente...

Levanto a cabeça, buscando outra tentativa. Mas já sentia as lágrimas escorrerem pela minha pele e descer pelo meu pescoço. A garganta começa a doer, se apertar e então estico mais o pescoço, tirando a sensação ruim.

Meu corpo aos poucos ia cedendo a mais uma crise.

O celular tocou, anunciando uma nova ligação. Contando com essa é a oitava vez que me ligaram e ignoro.

Estou submersa nessa situação e é inviável sair dela.

Gritei, gritei para eliminar a dor que estava sentindo. Mas as crises não iam parar por ali.

Mais e mais toques repetitivos na minha cabeça, acabei jogando o celular contra a parede. Era o único jeito que encontrei naquele momento.

Sem forças para levantar, fiquei deitada no tapete da sala paralisada ali por horas, até ver a claridade do sol iluminar o cômodo pouco a pouco.

Mais tarde, teria que ir ao trabalho, porém confesso que não tinha um pingo de animação para encarar o novo dia.

Então acabei finalmente dormindo. Apenas acordando pela tarde e mais uma vez, ficando deitada no tapete, observando e esperando o tempo passar e a escuridão novamente dominar o ambiente.

Ouço batidas na porta do apartamento e criei coragem de me pôr de pé, caminhando até a entrada. Olhei pelo olho mágico, vendo os cabelos grisalhos e desajeitados de Royal.

Abri a porta, dando espaço para que ele entrasse.

O mesmo estava sozinho, então a fechei, aguardando que se acomodasse em um assento.

— Ontem aconteceu um dos melhores eventos para promover sua carreira de investigadora, senhorita Collin. O que a fez perder este evento?

Puts!

O evento dos departamentos de polícia. Para ele era uma maravilha, pois sempre foi o escolhido para fazer discursos e premiar os melhores.

No meu caso, eu tive uma crise e não estava apta para este comprometimento.

Passei as palmas nervosas pelo rosto, soltando um suspiro. Explicar para ele que sofro com transtornos era praticamente pedindo minha demissão.

Não que os exames psicológicos da época não constataram que seria um caso a ser analisado a todo instante, mas era fazer ele entender que terá dias que ela me abate e fico impossibilitada de reeguer.

DOCE SOLIDÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora