1 - Natal em família na delegacia

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O climão foi instaurado quando tio Marcos chegou transtornado falando que tia Carlota estava na delegacia esperando Lucca ser liberado, se é que isso vai acontecer ainda hoje

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O climão foi instaurado quando tio Marcos chegou transtornado falando que tia Carlota estava na delegacia esperando Lucca ser liberado, se é que isso vai acontecer ainda hoje. E lá vamos nós para mais um feriado importante em frente à DP, pois é algo que já está virando rotina.

— Irmão, vocês precisam urgentemente colocar esse garoto em uma terapia! — Tia Maria exclama enquanto guarda a garrafa de vinho das vinícolas de nossa família na geladeira. — Não conseguimos passar um feriado em paz... Não quero nem saber, dessa vez vou levar o peru pra comer lá. — Fala um pouco bêbada e segue até o armário, já separando alguns potes pra guardar a comida.

— E o que meu neto aprontou dessa vez? — Vó Conceição questiona irritada. — Não me diga que foi sexo na rua de novo, senão entro naquela delegacia e corto o pinto dele fora, daí quem vai presa sou eu e acabamos com o problema. — Ela é um pouco desbocada, quando passa por estresses, piora.

Eu e minhas primas gêmeas, Beatriz e Lúcia, não nos aguentamos e começamos a rir, o que foi um grande erro, porque minha avó se revoltou e bateu fortemente com a bengala dela em nossas canelas.

— Respeitem a avó de vocês, senão corto o pinto dele e a língua de vocês, suas quengas. — Nos repreende. Apenas não rimos de novo porque o golpe nas canelas foi doloroso.

— Vocês estão fazendo tanto alvoroço que nem deixaram o pobre do Marcos falar! — Minha mãe se pronuncia cortando a discussão e a esposa de tia Maria concorda.

Só que tio Marcos parece estar nervoso e confuso, o que é muito estranho, pois, dos irmãos, ele é o mais centrado. Decidiu cursar faculdade de Direito para resolver os problemas das vinícolas, que se expandiram e acabaram se tornando uma das maiores empresas do Brasil. Ele realmente escolheu a profissão certa, pois Lucca vive metido em confusões.

— Eu não entendi muito bem... Lucca falou algumas coisas desconexas no telefone. — Tenta explicar um pouco constrangido a situação que nem ele entendeu. — Mas tem algo a ver com um homem com nanismo tentar agredi-lo com um pedaço de ferro, só não entendi o motivo.

Tio Marcos nem termina de falar e minha avó já apoia as mãos na mesa para, com bastante esforço, levantar. em seguida, pega a bengala recostada na parede e anda em direção à porta.

— Tá indo pra onde, mãe? — Meu pai pergunta enquanto tenta segurar o riso, pois já imaginava a resposta. Todos sabemos que a vó é fofoqueira.

Não tem jeito: apenas Lucca consegue nos proporcionar certas situações. Tudo bem que não o suporto após atitudes repulsivas que me magoaram na adolescência, mas quando a família está reunida, tudo de absurdo que acontece é provocado por ele.

É incrível como mais ninguém consegue nos proporcionar um entretenimento deste nível.

— Um filho da puta de um anão quis bater no meu neto com um pedaço de ferro e você acha mesmo que vou ficar sentada nessa mesa sem saber o motivo? — Ela dá uma gargalhada que alivia o clima caótico do ambiente. — Dependendo do que Lucca disser, eu o defendo e dou uma bengalada no anão, ninguém vai querer prender uma velha de 70 anos por isso. Vamos ou vou sozinha?

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