6 - Quanto mede uma rola grande?

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Esse ano a família decidiu fazer algo diferente para o Réveillon, o que achei o máximo, porque estava cansado de passar a virada na varanda de casa

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Esse ano a família decidiu fazer algo diferente para o Réveillon, o que achei o máximo, porque estava cansado de passar a virada na varanda de casa. A ideia veio da vó, que cismou que queria ver os fogos da beira do mar. Tenho certeza que ela vai se arrepender logo no primeiro estouro, pois odeia barulho. No entanto, quem sou eu para falar algo? Se é ao lado daqueles que amo, estou dentro. Principalmente quando se trata da família "Buscapé".

Alugamos uma tenda enorme em frente ao prédio em que Mário mora. Sim, meu primo decidiu residir em frente à praia. Acho chique, mas o cheiro da maresia me enjoa horrores. Meu pai, junto aos meus tios, aproveitaram a localização privilegiada e decidiram que seria ali. E pronto, aqui estamos.

As gêmeas estão sentadas em cadeiras de praia, comentando sobre as pessoas que estão nas barracas próximas às nossas, sendo elas as únicas distantes, pois o restante da família está sentado em uma mesa improvisada no meio da tenda.

Mário, como sempre, está ao lado de tio Márcio e meu pai, conversando sobre a empresa, em uma ponta. Na outra, vó Conceição, minha mãe e as tias Maria e Dorotéia estão falando sobre homens e seus pênis. Tia Viviane está de plantão no serviço, então só chega mais tarde.

E eu estou no meio deles, entediado. Prometi que iria me comportar, o que significa ficar nessa merda de tenda à noite inteirinha. A sorte é que meu melhor amigo não tinha com quem passar o Réveillon este ano, já que os pais viajaram e ele não queria ir para o exterior, então meus pais permitiram que o convidasse para ficar conosco. Só que Jonas é a pessoa mais atrasada do mundo, então ainda não chegou.

Em relação à família, a única pessoa que realmente não compareceu foi Eloá. Pensei que fosse voltar atrás diante da escolha... Não por mim, obviamente, mas pela vó. Só que minha prima é foda e quando coloca algo na cabeça, vai até o fim.

— Você está muito quieto hoje, Lucca. — Vó Conceição chama a minha atenção. — Me diz, pra rola ser considerada grande, ela tem que ter quantos centímetros? — Questiona e eu arqueio uma das sobrancelhas, pois a pergunta me pega completamente desprevenido.

— A questão, vovó, é: tamanho importa? No caso, se o cara sabe fazer direito, a rola precisa ter quantos centímetros? — A respondo com uma pergunta e ela balança a cabeça negativamente.

— Lucca, isso aí é conversa de quem tem rola pequena. — Responde e minhas tias começam a rir desenfreadamente. Nem eu me aguento e rio junto.

— Que isso, vó? De graça? — Não me contenho e rio novamente. — Sempre fui muito elogiado, tanto de tamanho, quanto na performance. — Me gabo e ela se vira para a minha mãe.

— É, Carlota, seu filho com certeza tem rola pequena. — Minha mãe me encara com olhar repreensivo, pois não gosta de saber de detalhes sobre minha vida sexual. Dou de ombros e começo a rir novamente.

É impressionante o fato de que minha mãe está na família há quase 30 anos e ainda não se acostumou nas baixarias que minha avó fala. Foi assim a vida inteira, não é aos 70 anos que dona Conceição vai mudar - pelo contrário, a tendência é piorar.

A conversa é interrompida quando Jonas chega. Ele está com uma camisa branca e bermuda jeans, além de uma garrafa de Grey Goose nas mãos. Até então, o objetivo era manter a sobriedade durante todo o evento, entretanto, meus planos foram frustrados pelo meu melhor amigo.

— Oi, gente! Boa noite, peço desculpas pelo atraso! — Jonas sorri e cumprimenta primeiramente Tio Márcio, Mário e meu pai, que estavam mais próximos dele. — Está um trânsito caótico para chegar até aqui, mesmo vindo a pé.

— Fique à vontade, rapaz. — Meu pai fala. — Sinta-se parte da família. Todos aqui são muito receptivos. Mário e meu tio também o cumprimentam.

Jonas segue na direção do cooler enorme que está guardando todas as bebidas e, em seguida, vem na minha direção, para cumprimentar minha mãe, tias e vó. Antes que ele possa falar qualquer coisa, vó Conceição já solta a primeira pérola da noite.

— Me diz, menino, pra você: a rola é grande a partir de quantos centímetros? — Arregalo os olhos com a pergunta e solto uma gargalhada. As bochechas de Jonas ficam imediatamente vermelhas, demonstrando que o mesmo ficou totalmente sem graça.

— Mamãe, pelo amor de Deus, vai matar o garoto de vergonha! — Tia Maria a repreende. — Não liga não, Jonas. Dona Conceição está ficando velha e gagá. — Ela estende a mão e sorri. — É um prazer, sinta-se à vontade. Meu nome é Maria.

— Ah, sem problemas. — Ele coça a nuca, sorri constrangido e a cumprimenta de volta. — Acho que um pênis grande deve ter, no mínimo, 21 centímetros. — Responde minha avó.

— Mané pênis, menino. — Vó Conceição sorri, achando muita graça da vergonha do menino. — Aqui a gente fala rola, pau, cu e buceta. Precisa ficar com vergonha não.

Ela sempre foi desbocada e pouco se importou se está deixando a pessoa constrangida, ou não. Na verdade, acho que é disso que minha avó gosta: o caos.

— Mamãe, chega de envergonhar o menino! — Tia Maria fala e eu rio de novo.

— Não se importe, Jonas. — Tia Dorotéia fala. — Minha sogra gosta de falar sobre órgãos. É a saudade. Já disse que o aniversário de 71 anos será em um clube de strip.

— É uma ideia muito boa. — Tia Maria responde. — Bom mesmo vai ser arrastar Eloá junto, já que elas fazem aniversário juntas.

Ótimo, uma hora essa garota viraria o assunto. Por Deus, será que elas não podem focar em quem fez questão de estar com a família? Tinham que mencionar o nome dela? Não consigo esconder o asco e reviro os olhos em uma atitude reflexiva. Ainda não engoli as coisas que me disse em seu apartamento.

— Falando em Eloá, — minha mãe finalmente fala alguma coisa — onde ela vai passar a virada? A presença dela faz tanta falta aqui.

Minha mãe diz isso porque Eloá é a única que também não se sente tão confortável falando putarias, então as duas conversam sobre aleatoriedades. Sem ela, dona Carlota acaba sendo obrigada a aturar minhas tias e vó Conceição comparando tamanhos de rola.

— Ah, na praia também. — Tia Dorotéia responde. — Ela não falou? Depois de tanta insistência e conversa, convencemos de que passasse conosco.

Percebo que minha avó ficou emburrada quando o paradeiro de Eloá virou pauta, pois a mesma ainda não engoliu que nossa "provocaçãozinha" tenha afastada a garota da família em uma data tão especial. O bom é que a feição logo mudou quando ficou sabendo que minha prima decidiu, por fim, passar o Réveillon conosco.

Uma pena que não possa contar as coisas que ela me disse naquele apartamento, nem as outras milhares de atrocidades que Eloá fez questão de despejar em mim todas as vezes que tentei conversar sobre a motivação de nosso afastamento.

Infelizmente é mais fácil deixá-los acharem que aquela provocação imbecil tenha sido o motivo de tudo, por mais que exista muito mais coisas por trás.

— Eloá? Que Eloá? — Jonas pergunta e eu o encaro. Mesmo sendo melhores amigos, nunca comentei sobre minha prima com ele. Isso porque evito a todo custo falar sobre ela, porque fazer isso a tornaria importante, coisa que não é mais há muito tempo.

— Minha prima, ué. — Dou de ombros. Então ele pega o celular, abre o Whatsapp e, em seguida, uma conversa.

— Essa aqui? Eloá Lima? — Mostra a foto e eu acho graça da coincidência.

— Eloá Lima Oliveira. Minha priminha. — Dou uma risada, porque definitivamente não esperava por isso.

— Ela vai estar aqui hoje? — Pergunta baixo e eu assinto com a cabeça, então ele fica em silêncio.

— Por que? — Fico curioso e ele me encara.

— Vamos beber? — Levanta e eu o acompanho.

Segundas Intenções ✔️Donde viven las historias. Descúbrelo ahora