58 - Jonas jura vingança

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Jonas tinha se entregado às bebidas desde que tudo aquilo aconteceu

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Jonas tinha se entregado às bebidas desde que tudo aquilo aconteceu. Não conseguia aceitar ter sido trocado por Lucca. Tinha que voltar com o rabinho entre as pernas para Dona Célia, que o humilhou de todas as formas possíveis antes de aceitá-lo de volta. Estava realmente revoltado e foi exatamente isso que o fez querer se vingar.

Passou meses em um relacionamento no qual a companheira o chifrava continuamente. Deu o seu melhor, evitou ao máximo ser um filho da puta e foi recompensado com inúmeras traições. Antes tivesse continuado ignorando as mensagens de Eloá e não cedesse aos desejos que ela lhe despertou. Mas não, a desgraçada insistiu. E ainda apareceu daquele jeito no Réveillon. Jonas realmente achou que teriam chances juntos.

Mas ela, de acordo com o que ele próprio concluiu, conseguiu transformá-lo em sua pior versão. Nunca tinha tocado agressivamente em mulher alguma — a não ser quando pediam durante o sexo. Contudo, tantas desconfianças o tiraram de si. Perdeu a linha e tinha plena consciência disso.

O pior de tudo era que ainda estava apaixonado por ela. Na sua concepção, isso era o que mais doía.

Estava certo de que foi ao clube de striptease para comemorar o início do namoro e deu algumas puladas de cerca no meio do relacionamento sem que ninguém soubesse, pois era um homem com desejos e ela se recusava a se entregar. Ele, como um homem respeitador, sempre respeitou seu espaço.

Mas sentimento é uma coisa e necessidade é outra. Ele tinha as suas.

Sentiu-se culpado depois que soube que a garota perdeu o bebê. Surtou ao descobrir o caso entre os primos, partiu para cima dela e xingou-a de inúmeras coisas. Apanhou do ex-sogro e acabou retirado pela polícia. Por sorte, não foi detido. Mais tarde naquele dia, descobriu que ela tinha abortado. Tinha noção de que seu comportamento interferiu na gestação e isso o afundou.

Jonas encheu a cara naquele dia e não parou desde então. Tentava se distrair com outras coisas, mas nada funcionava.

Quando não imaginou que poderia piorar, a garota entrou em coma. E quase morreu. Por Deus, jurou para si que se isso acontecesse, tiraria a própria vida sem pensar duas vezes. Não conseguiria conviver com essa culpa.

Mas aí Eloá acordou. Porra, ela finalmente acordou. Nunca se sentiu tão aliviado. Era como se uma tonelada saísse de suas costas.

Mandou mensagens pedindo desculpas, declarando-se arrependido. Afirmando que queria voltar, que tinha mudado. Pediu uma nova chance para mostrar que era muito melhor do que aquilo. Em resposta, Eloá o bloqueou, e isso acabou com ele.

"Pra que tanta insensibilidade? Não errei tanto assim...", ele pensava.

A sensação piorou exponencialmente quando viu na televisão a reportagem sobre o pedido de casamento feito por Lucca. Aquilo acabou com o restante de sanidade que tinha em si. Um helicóptero? Pra quê tanto?

Não conseguiu digerir. Como era possível? Foi com ele que Eloá manteve um relacionamento por meses, independentemente do envolvimento que os dois tiveram durante a adolescência. Jonas não fez questão de saber dos detalhes do que passaram, mas tinha certeza de que não havia sido nada demais e que tudo isso era uma grandíssima falta de consideração por parte de sua ex-namorada e de seu ex-melhor amigo. "Traíras de merda": era essa a definição que usava.

Foram dias infernais desde que Lucca decidiu ser o homem mais romântico do Brasil. Aquela merda ganhou alcance nacional, alavancando, inclusive, a venda de vinhos da empresa da família deles. Eram entrevistas atrás de entrevistas. Jonas mal podia ligar a TV. Até comerciais eles gravaram. O garoto só poderia estar pagando por seus pecados.

Os filhos da puta ainda faziam questão de mencionar que a reaproximação não teria sido possível se não fosse um relacionamento "de bosta" no qual Eloá se envolveu. Foi a isso que o resumiram. Um bosta.

E dá-lhe vodka. Seus pais nem tentavam mais falar. Dona Célia gritava na sua cara todos os dias que ele era "a decepção da família", um "filho de merda". Tão simpática. Romeo, seu pai, sequer fazia questão de tentar mais algo. Falou uma vez e ponto. O tempo restante que lhe sobrava era gasto única e exclusivamente com as amantes.

Sentia-se um verdadeiro inútil com tudo aquilo. A cada dia que passava a mágoa se transformava em raiva e vontade de acabar com Lucca, aquele que já considerou seu irmão um dia. Se Eloá não podia ser sua, não poderia ser de mais ninguém. Jonas estava certo de sua decisão.

Pela primeira vez, desde o dia em que aquele circo havia começado, Jonas se sentiu grato por toda a exposição do casal. Isso porque eles, Lucca e Eloá, cometeram um grande erro. Os dois, que agora eram donos de um perfil compartilhado no Instagram com mais de um milhão de seguidores, afirmaram que apenas estavam esperando a garota se formar na faculdade para marcar a tão esperada data do casamento.

Como ela ficou internada por mais de um mês, justamente no período de fechamento, a universidade abriu uma exceção e concedeu-lhe a oportunidade de concluir suas atividades em um esquema especial. E assim ela o fez. Por fim, agora era uma jornalista formada, um mês e meio após sua experiência de quase morte.

Jonas teria ficado feliz por Eloá, mas sabia exatamente o que aquilo significava. Infelizmente, o momento que o casal tanto queria tinha chegado. Quase dois meses após o pedido de casamento, chegaria a hora.

"Que nojo. Repulsivos. Mas não perdem por esperar. O que seria de você, Lucca, se sua noiva sumisse no dia do casamento?", indagou-se internamente assim que viu a publicação informando aos seguidores que se casariam na próxima semana, em um grande salão de festas da cidade.

Seu plano já estava arquitetado. Se infiltraria como garçom no local e, na primeira oportunidade, sequestraria Eloá.

O objetivo seria fazer com que ela compreendesse que, na realidade, o noivo daquele casamento deveria ser ele. Caso se recusasse a aceitar, seria obrigado, infelizmente, a tomar uma atitude drástica.

Já tinha perdido tudo de importante na vida: a dignidade, a mulher que amava e o melhor amigo. Era um pobre coitado. Trancara a faculdade e não conseguia largar a cachaça. Para piorar, seria forçado a casar com uma mulher que nem conhecia, em alguns meses.

Definitivamente, não tinha nada a perder se tudo desse errado. Apesar disso, faria o possível para que tudo corresse conforme o planejado. Sentia-se ansioso, pois tinha muito pouco tempo para organizar tudo nos mínimos detalhes.

Segundas Intenções ✔️Where stories live. Discover now